domingo, 2 de agosto de 2015

O Rito Adonhiramita

  • Rito Maçônico é um conjunto de regras, ditames e orientações litúrgicas que mistificam os trabalhos maçônicos e lhes dão forma e elegância e cada Rito tem suas peculiaridades que o diferenciam e o identificam, sem se contrapor aos princípios maçônicos universais. Vários são os Ritos existentes na Maçonaria Universal, que se diferenciam pela maneira como organizam e empregam as normas litúrgicas nos trabalhos maçônicos. 
  • No Brasil, sete Ritos são os reconhecidos e praticados: o Adonhiramita, o Escocês Antigo e Aceito, Francês ou Moderno, Emulação ou York, Schröder , Brasileiro e o Escocês Retificado.Os Ritos atuais são frutos da evolução e do aperfeiçoamento de alguns Ritos praticados pela Maçonaria Operativa, desde a idade Média, particularmente dos Ritos de Kilwinning, de York, de Clermont e sobretudo o de Heredon também conhecido como Monte Místico de onde se origina o Rito Adonhiramita. 
  • Em 1758, como fruto de estudos aprofundados sobre os ritos de Kilwinning, Clermont e, sobretudo, o de Heredon, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente decidiu promover grande reforma ritualística, principalmente no que respeitava ao rito de Heredon. No mesmo ano da reforma e nos que a ela se seguiram surgiram vários Ritos. Desta forma, em 1758, surgiu o Rito Escocês Primitivo ou Rito de Heredon ou de Perfeição, com 25 graus, que em 1786 forneceu as bases definitivas do atual Rito Escocês Antigo e Aceito e ensejou o nascimento do Rito Moderno ou Francês; em 1769, o rito Escocês Primitivo de Narbona, com 10 graus; e, posteriormente, o Rito Escocês Primitivo de Namur, com 33 graus. 
  • Uma das tarefas mais difíceis, trabalhosas e ingratas, no estudo da Ordem Maçônica, é sem dúvida a história do Rito Adonhiramita. Levantá-la com precisão é tarefa penosa, que até hoje desafia os pesquisadores e estudiosos. O primeiro problema a enfrentar está na autoria do Rito, sobre a qual os historiadores maçons não se põem de acordo. A maioria atribui sua criação ao Barão de Tschoudy, nobre francês com dotes de literato e escritor, nascido em Metz, em 1730 e falecido em Paris a 28 de maio de 1769. Com, a afirmação, lida em muitas obras maçônicas, de que Tschoudy "criou o Rito em 1787”, está lançado o primeiro problema: como poderia ele ter criado o Rito nesse ano, se falecera 18 anos antes? Outros autores afirmam que a criação do Rito se deu em 1744, o que implica em novo problema: nesse ano o Barão de Tschoudy contava apenas 14 anos, não tendo, pois, condições de ser maçom. Há, ainda, quem atribua a criação do Rito a Guillemain de Saint-Victor, a quem se atribui a obra “Recueil précieux de la Maçonnerie Adonhiramite" (Dados preciosos da Maçonaria Adonhiramita) obra essa que também é atribuída a Tschoudy. 
  • Acontece, porém, que os RRit.ʹ. não eram impressos naquela época, e quando isso acontecia era muito raro, apenas o Ven.ʹ.da Loj.ʹ.(cargo então vitalício) possuía apontamentos, quando os possuía! O aprendizado e a prática se faziam de forma oral, com cada Ir.ʹ. decorando sua parte, situação que, por certo, levava a constantes modificações e distorções. O que parece ser mais aceito entre os estudiosos dá conta sobre o mais antigo documento conhecido referindo-se ao mestre arquiteto do Templo sob a denominação de Adonhiram é o Cathécisme des Francs Maçons ou Le Secret des Francs Maçons (Catecismo dos Franco-Maçons ou O Segredo dos Franco-Maçons), editado em 1744, de autoria, possivelmente, um abade, cujo nome seria Leonardo Gabanon. 
  • Em 1730, nasceu Théodore de Tschoudy, considerado o organizador da segunda parte da obra Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita), cuja primeira edição ocorreu em 1787. O Barão Tschoudy foi membro do parlamento de sua cidade natal, Metz, era integrante do Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente (Um Capítulo que funcionava em Paris e reunia os mais ilustres estudiosos da Maçonaria de então). Maçom entusiasta e estudioso, Tschoudy utilizou seu aguçado espírito crítico para bater-se contra a proliferação desordenada dos altos graus do Rito de Heredom, do qual derivariam alguns dos ritos atuais, como o escocês, o moderno e o Adonhiramita.
  • Inicialmente, Tschoudy se propôs a reformar os graus então existentes, reduzindo-os a quinze e depurando-os de tudo o que não fosse fiel à tradição maçônica tendo como base os Monumentos Egípcios, o Templo do Salomão e o Rito de Heredon. Em 1766, Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des Francs-Maçons (A Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons), obra em que descreve a fundação de uma nova Ordem ou novo rito de altos graus, a Ordem da Estrela Flamígera , com três graus: Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da Palestina e Filósofo Desconhecido,cujos rituais ,por ele compostos,tinham por fundo a lenda das cruzadas. Após desavenças e descontentamentos deixou a Ordem da Estrela Flamígera e então se dedicou até sua morte ao já citado “Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita". Sendo o Rito Adonhiramita derivado diretamente do Rito de Heredon, abrangia, até 1873, 12 graus: sendo 3 simbólicos e 9 filosóficos, coroados com o de Cavaleiro Noaquita. 
  • Em 2 de junho de 1973, o Rito passou a compor-se de 33 graus e sua Oficina-Chefe denominou-se EXCELSO CONSELHO DA MAÇONARIA ADONHIRAMITA. A Maçonaria Adonhiramita foi praticado na França e em Portugal, difundindo-se nas colônias e sendo o preferido da armada napoleônica. Com a difusão do Rito Francês ou Moderno, o Rito Adonhiramita começou a ser abandonado, restringindo a sua prática ao Brasil, onde seu encontra a sua Oficina Chefe.ficina Chefe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário