domingo, 11 de outubro de 2015

A ARCA DA ALIANÇA - ALÉM DA FICÇÃO

Por Ir.'. João Anatalino
Sinopse
No filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, o que sobressai é o movimento, a aventura. Indiana Jones (Harrison Ford), o arqueólogo cheio de truques,  mais que um professor de arqueologia, é um aventureiro que ganha a vida dando aulas para mocinhas românticas e caçando tesouros arqueológicos pelo mundo afora. Nesse filme, sua meta é encontrar a Arca da Aliança, artefato sagrado da religião hebraica, perdido há mais de dois mil e  quinhentos anos. Só que seus principais concorrentes são os nazistas, que também estão atrás desse fantástico tesouro arqueológico. Por que, só Deus imagina....
O que nem todo mundo sabe é que existem registros históricos que provam que os nazistas acreditavam realmente que a Arca da Aliança e o Santo Graal eram verdadeiras realidades históricas e não mitos. E andaram fazendo muitas expedições pelos países do Oriente Médio e África em busca desses artefatos. Eles achavam que essas relíquias históricas poderiam lhes conferir poderes extraordinários. Assim, o filme Indiana Jones é uma ficção, mas nem tanto....
A Arca da Aliança
Segundo se lê em Êxodo, 25:10:22, o Senhor instruiu os hebreus para construírem a Arca da Aliança do seguinte modo:
“Farão uma Arca de madeira de acácia; seu comprimento será de 2 côvados e meio (1,11 m) e um côvado e meio de largura (66,6 cm) e sua altura 1 côvado e meio (66,6 cm). Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e o farás por fora; em volta dela porás uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas do outro. Farás 2 varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der. Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e o outro de outro, fixado de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão estes querubins as asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa, sobre o qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo. E é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas."
Mistério
Porque tantas estranhas e esotéricas instruções para a construção de um recipiente que se destinava a guardar as instruções de Deus aos seus eleitos? Algum motivo haveria de ter.
Em primeiro lugar, é sabido que a Arca deveria servir para depósito de três objetos de suma importância religiosa para os israelitas, porque representavam manifestações divinas de primeiro grau junto aos seus eleitos. Esses objetos eram as tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos escritos diretamente pelas mãos de Deus; o outro era um pote contendo o Maná (alimento que Deus fez cair do céu para alimentar o faminto povo hebreu no deserto), e o terceiro objeto era o cajado de Arão, um pedaço de pau que floresceu milagrosamente, como prova de sua indicação para Sumo-Sacerdote da nascente religião hebraica. Esses três objetos eram símbolos da graça de Deus, manifestada para organização (a lei), o sustento (o maná) e o governo (o cajado) do povo de Israel.
Segredos Arcanos
Mas tanto a Arca da Aliança quanto o Tabernáculo construído para hospedá-la são claras alegorias que estão conectadas com ensinamentos iniciáticos do mais alto significado.
Em primeiro lugar os materiais de que ela era feita denotam um simbolismo estreitamente ligado ao ensinamento arcano: ouro e madeira de acácia. O ouro, desde as mais remotas eras é o metal sagrado por excelência. Considerado metal incorruptível, ele é o símbolo da perfeição entre os elementos da natureza e o corolário da mais fina obra universal. Dai a sua importância na arte da alquimia, por exemplo, onde a transformação do metal comum em ouro significa também o ideal do aperfeiçoamento espiritual no mais alto grau. Já a madeira de acácia era o símbolo da regeneração. Consta que os faraós, ao sentirem a aproximação da morte pediam para serem colocados aos pés de uma acácia para que ela os encontrasse embaixo dessa árvore sagrada. Essa providência ajudava o espírito a se libertar e encontrar o caminho da regeneração. Na Maçonaria a acácia também é cultuada como símbolo da regeneração espiritual.(1)
Quanto às características de tamanho da Arca, estas tinham a ver com a geometria sagrada. Dois côvados e meio de comprimento por um côvado e meio de largura, e a mesma medida da largura para a altura. Um côvado media aproximadamente 44,45 cm, o que perfaz cerca de 1,11cm para o comprimento e 66,6 cm para a largura e a altura da Arca. Esses números, na tradição cabalística, são representativos de verdades iniciáticas. Primeiro, os números ímpares são considerados divinos, enquanto os números pares são humanos. Na simbologia do oriente eles são positivos (Yin) e negativos (Yang). Na geometria sagrada o 1 é o número da divindade, enquanto o 6 é “número de homem”.(2)
Um gerador de energia?
Assim, as medidas pares e ímpares da Arca denotam a aliança entre o humano e o divino e condensam o segredo da manifestação da energia universal. Sua disposição geométrica, em termos arquitetônicos, foi especialmente planejada para servir como uma espécie de “pilha”, onde a energia universal seria acumulada. Segundo antigas tradições, esse era um artefato já conhecido pelos sacerdotes egípcios, que costumavam construir equipamentos semelhantes em seus templos.
Uma tradição egípcia muito antiga sustentava que esse tipo de artefato era proveniente da cultura Atlântida, que o usava como sendo um equipamento capaz de gerar a energia vital. Essa energia, chamada pelos Kahunas (indígenas da Polinésia) de Mana (Maná) é a mesma que os hindus denominam prana, os japoneses ki e os chineses chi. Ela é captada a partir das propriedades dos alimentos e do ar que respiramos. Dai o desenvolvimento de práticas iogues destinadas a captar essa energia através de exercícios apropriados. Dessa forma se entende a alimentação dos hebreus no deserto com o maná que caia do céu como um exercício por eles praticado para captar essa energia, capaz de mitigar inclusive a fome. Jesus também se referiu a essa energia em uma passagem do seu Evangelho quando ele diz aos seus discípulos: “eu para comer, tenho um manjar que vós não conheceis.”(3)
Tradições cabalistas também ensinam que as Tábuas da Lei, que Moisés guardou dentro da Arca, não continha somente os Dez Mandamentos. Estes eram, na verdade, apenas regras escritas acerca de comportamentos que Deus teria ditado aos hebreus. A energia que fluía da Arca Sagrada, entretanto, não provinha diretamente das pedras que continham a lei, mas sim do testemunho que Deus deu a Moisés, ou seja, o ensinamento secreto que Ele lhe comunicou. Esse ensinamento seria a correta interpretação e a utilização da Árvore da Vida, fórmulas sagradas que lhe permitia invocar o Nome Sagrado de Deus para ativar a energia que essa fórmula mágica encerrava. Daí a ênfase colocada nos comandos “porás na Arca o testemunho que eu te dei”, que aparecem duas vezes no texto que ensina como a Arca deve ser construída. (4)
Por isso somente os sacerdotes levitas (consagrados) poderiam transportá-la ou tocá-la. E apenas o Sumo-Sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação, quando a Luz da Shekinah se manifestava, entrava no Altar do Santo dos Santos, onde ela estava depositada, para invocar o Santo Nome.(4)
A história e o mito
O Mito da Arca da Aliança sempre excitou a imaginação dos povos. Não é toa que todos os inimigos de Israel, ao invadir Jerusalém, tinham em mente se apossar desse glorioso artefato. Segundo a narrativa bíblica, a Arca da Aliança desapareceu após a pilhagem do Templo de Jerusalém, feito pelos soldados de Nabucodonosor, em 587 a.C. Alguns historiadores acreditam que os próprios judeus a esconderam ou a destruíram para evitar que caísse em mãos inimigas. Outros acham que ela foi levada para a Babilônia onde desapareceu entre os tesouros capturados pelos caldeus .
Já o segundo livro dos Macabeus informa que o profeta Jeremias teria ordenado que a Arca fosse levada até o Monte Nebo, para ali ser escondida em uma caverna. Esse lugar, segundo o profeta, deveria ficar desconhecido até que Deus reunisse novamente seu povo e dele tivesse misericórdia. Mas segundo acredita a maioria dos historiadores, a Arca foi capturada pelos egípcios por ocasião da guerra travada entre o Egito do faraó Necao e o rei Josias, de Judá, no século VII a. C. Nesse caso, ela teria sido levada para o Egito e depositada no templo de Amon-Rá. Mais tarde, quando os persas conquistaram o Egito ela teria sido levada para a Etiópia, onde até hoje estaria depositada, numa capela da cidade de Aksum.(5)
O Arquétipo
Arca da Aliança não era, como se pensa, uma criação originariamente israelita. Ela era um artefato utilizado por muitas civilizações antigas como símbolo da Matriz Natural, onde se guardava o Segredo da Criação. Nesse sentido, a Arca da Aliança também é um símbolo compartilhado pelo inconsciente coletivo da humanidade. Na mitologia grega ela simboliza a Caixa de Pandora, onde todas as energias do Universo estavam encerradas na forma das virtudes e desejos humanos. Na mitologia japonesa ela aparece na lenda de Urashima Taro, como o invólucro que encerra o tempo. Em alquimia ela simboliza o athanor (recipiente hermético) onde o “ovo filosófico” é chocado. Simbolicamente ela é o inconsciente do homem, onde a sabedoria(a energia do universo) está depositada, mas só é revelada a quem dela se faz merecedor. Dessa forma, a Arca da Aliança é um dos mais fascinantes arquétipos que o inconsciente coletivo da humanidade já desenvolveu.
Notas
 1. Foi com um ramo de acácia que os mestres marcaram o local onde o Arquiteto Hiram Abiff foi enterrado.
2. Conforme se diz em Apocalipse, 13:18: Aqui há sabedoria: Quem tem inteligência calcule o número da Besta. Porquanto é número de Homem: e seu número é 666. É que o homem, na tradição cabalística, não foi feito por Deus à sua imagem, mas sim pelos Arcanjos chamados Elohins, entre os quais, no início, antes da Rebelião, se encontrava Lúcifer.
3. João, 4:32
4. Shekinah é a luz da manifestação divina na terra. Maria é Shekina cabalística que "canalizou" a luz de Deus e deu ao mundo o filho divino, Jesus Cristo.
5. No filme em questão a Arca da Aliança foi encontrada na escavação de Mênfis, antiga capital dpo Egito. A hipótese de a arca ter sido levada para a Etiópia tem origem numa lenda que consta dos textos apócrifos do Kebra Negast, o chamado Livro da Glória do Reis, crônicas que sustentam serem os antigos reis etíopes descendentes do rei Salomão, através do filho que ele teria tido com a Rainha de Sabá (chamada Makeda) . Esse filho, cujo nome era Menelik, se tornou o primeiro rei da Etiópia. Por isso é que os egípcios, na iminência da conquista persa, teriam confiado aos etíopes a guarda da Arca, que desde então estaria guardada a sete chaves na cidade de Aksum. Na época, essa hoje pequena vila era a capital da Etiópia.
ESTE RESUMO FOI EXTRAÍDO DO LIVRO "MESTRES DO UNIVERSO", PUBLICADO PELA ED. BIBLIOTECA 24X7, SÃO PAULO,  2010

CONHECENDO A ARCA DE NOÉ

Ir Benedito Moreira da Cunha
Segundo ouvimos dizer: a Arca foi construída por Noé a mando de Deus, para salvar a si mesmo, sua família e um casal de cada espécie de animais do mundo, antes que viesse o Grande Dilúvio da Bíblia. Existem diversos detalhes que às vezes não é bem o que se ouve no dia-a-dia.
A história é contada em Gênesis 6-12[1] [2]. Deus ordenou a Noé que levasse sua esposa, seus três filhos: Sem, Cam e Jafé, com as respectivas esposas, totalizando 08 humanos. Algumas versões da Bíblia afirmam que a arca teria recebido até sete casais de animais "puros" e um casal dos "impuros". Segundo o Antigo Testamento, puros eram só os ruminantes de casco fendido (partido ao meio), como a vaca. Todos os demais eram impuros e não serviam nem para comer.
Conforme a tradição bíblica, Deus decidiu destruir o mundo por causa da perversidade humana, mas poupou Noé, o único homem Justo e Perfeito na face da Terra em sua geração, mandando-lhe construir uma arca para salvar sua família e representantes de todos os animais e aves.
A história de Arca de Noé, de acordo com os capítulos 6 a 9 do livro do Gênesis, começa com Deus observando o mau comportamento da Humanidade e decidido a inundar a terra e destruir toda vida. Porém, Deus encontrou em Noé um bom homem, virtuoso, inocente entre o povo de seu tempo, ou seja, era um home Justo e Perfeito. Então decidiu destruir todos os viventes da face da terra, salvando Noé e sua família que iria preceder uma nova linhagem do homem. Deus disse a Noé para fazer uma arca e levar com ele a esposa e seus filhos Sem, Cam e Jafé, e suas respectivas esposas. E, de todas as espécies de seres vivos existentes então, levar para a arca dois exemplares, macho e fêmea. A fim de fornecer seu sustento, disse para trazer e armazenar alimentos.

Deus havia concedido 120 anos (Gn 6.3) de prazo para que o homem abandonasse o caminho ímpio e se voltasse para DEUS, o que não ocorreu.

Como o homem não se voltou para Deus, continuando no caminho ímpio, Deus ficou furioso com os pecadores, Deus, porém, conheceu Noé que era um homem Justo e Perfeito e o escolheu para sobreviver porque era o único homem justo e perfeito na face da terra. Noé tinha cerca de 500 anos de idade.

A CONSTRUÇÃO E O TAMANHO DA ARCA:
As madeiras empregadas foram o cedro e o pinho, uma vez que até hoje os teólogos não concluíram o que seria o gôfer, madeira utilizada na arca original (Gênesis 6:14), com revestimento de piche por dentro e por fora, para impermeabilizar o casco.

Consta em Gn 6.15,16 que a Arca de Noé teria o comprimento de 300 côvados, largura de 50 côvados e altura de 30 côvados.

As instruções de Deus para Noé teriam especificado a construção de uma janela de 45 cm de lado no andar superior e uma porta lateral, para a entrada da bicharada. A janela serviu para Noé, ao final do dilúvio, soltar uma pomba para buscar sinais (um ramo de oliveira) de terra.

Para calcularmos o tamanho da Arca de Noé, buscamos o Caderno de Estudos Maçônicos, do consultório maçônico de José Castellani, que define sobre o tamanho do côvado.

Côvado = substantivo masculino (do latim: cubitum = cotovelo, pelo arcaico: covedo) é uma antiga medida linear, básica da antiguidade, que tomava a média da distância que ia do cotovelo à ponta do dedo médio, em um homem adulto. O côvado é muito citado em Rituais e catecismos maçônicos, já que foi a medida usada na construção do tabernáculo e do Templo de Jerusalém. Existiam, todavia, dois tipos de côvados: o comum, ou o menor, e o régio, que era o maior, e ainda não se estabeleceu se os hebreus usaram o côvado egípcio, ou o babilônico. O Côvado egípcio tinha 450 milímetros e o régio, 525 milímetros, enquanto o comum babilônico tinha 444 milímetros e o régio tinha 518 milímetros. Por isso, quando se deseja transformar o côvado para o sistema métrico, em relação ao tabernáculo e ao templo, pode-se dizer que, em média, o côvado tinha 500 milímetros.

Assim, considerando o côvado médio de 50 centímetros, a arca de Noé media 150 metros de comprimento, 25 metros de largura e 15 metros de altura. A Arca possuía três andares. Trata-se de uma arca e não um navio. Ela foi construída para flutuar e não para navegar.

O DILÚVIO:
Portanto, o dilúvio sobre a terra foi em decorrência da progressão contínua da maldade do homem (Gn. 6.5), e a decisão de DEUS em destruir essa geração (v.7). Como Noé era um home justo e perfeito, salvou-se, juntamente com sua família (8 pessoas), atendendo à voz de DEUS para construir uma arca (símbolo de Cristo). Após os efeitos do Dilúvio, DEUS estabeleceu um acordo com Noé (Gn 9.9-17) que não mandaria mais dilúvio. A fim de se lembrar dessa promessa, Deus afirmou que colocaria o Arco da Aliança nas nuvens, dizendo: "Sempre que houver nuvens sobre a terra e o arco aparecer nas nuvens, eu me lembrarei da eterna aliança entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies sobre a terra". Este o símbolo do Arco-iris.

A DURAÇÃO DO DILÚVIO:
Foram 40 dias de chuvas caindo (Gn 7.12), 110 dias de águas subindo (Gn 7.24), 74 dias de águas diminuindo (Gn 8.5), 40 dias soltou um corvo (Gn 8.6-7), 7 dias soltou uma pomba (Gn 8.8), 7 dias soltou outra pomba (Gn 8.10), 7 dias soltou outra pomba (Gn 8.12), 29 dias removeu a cobertura da arca (Gn 8.13 com 7.11), 57 dias encontrou terra seca (Gn 8.14), 371 dias no Total (Fonte: Geografia dos Tempos Bíblicos, E. Tognini). O total de dias passados na Arca foi de 1 ano e 6 dias.

Este um singelo resumo, não para esgotar o assunto, mais para atiçar a curiosidade dos Irmãos e despertar o gosto pelos estudos, lembrando que o verdadeiro maçom busca o estudo das ciências e a prática das virtudes (compromissos iniciáticos).

O ESOTERISMO MAÇÔNICO

Por João Anatalino
Maçonaria, sociedade discreta 
Falar de esoterismo na maçonaria é se meter em meio a um grande poço de areia movediça do qual é difícil de sair. Até porque há uma grande confusão quando ao que a maçonaria é e que ela não é. Em primeiro lugar ela não é uma sociedade secreta, como querem muitos Irmãos e como comumente alegam os seus detratores. Que sociedade pode ser secreta quando ela tem estatutos, regras e CNPJ registrados em cartório e interage regularmente com a sociedade civil, em muitos casos, até patrocinando e administrando entidades filantrópicas?
A maçonaria não é uma sociedade secreta, mas sim uma sociedade discreta. Já foi muito mais no passado, mas atualmente ela está tão pouco discreta que qualquer pessoa pode saber tudo sobre a Ordem sem precisar ser iniciado. É claro que ela não vai ser reconhecida como maçom, mas de ordinário poderá conversar com um Irmão sobre assuntos da maçonaria como se o fosse. A velha ideia da “goteira” é hoje mais uma curiosidade cultural do que uma forma de preservação de “segredos” corporativos que não existem, mas que sempre se agiu como se existissem.*
Como disse a historiadora inglesa Frances Yates em seus dois estudos clássicos sobre as correntes místicas de pensamento que deram origem ao Iluminismo propriamente dito, [1]a Maçonaria foi a herdeira natural do pensamento Rosacruz, e como instituição ela é relativamente nova, pois só aparece na história no inicio do século XVIII após a fusão das Lojas londrinas. Mas teve seus antecedentes históricos, que se perdem na bruma dos tempos. Segunda essa historiadora, esse é um assunto muito confuso para ser tratado academicamente, com o que concordamos plenamente.
A confusão, em nosso entender, vem da própria estrutura que a maçonaria desenvolveu ao longo da sua história recente (desde que se tornou uma organização). Pois ao deixar os canteiros de obra medievais, ela se tornou uma espécie de sociedade com objetivos um tanto ambíguos, que ora pende para o academismo filosófico, ora se inclina para a ação social, e não raras vezes, se confunde com partidos políticos, nos quais se trabalham temas de interesse partidário. Este último objetivo foi característico da maçonaria durante todo o século XVIII, XIX e inicio do século XX, quando dela saiu a grande maioria dos líderes que fizeram a história política das nações ocidentais, especialmente a do Brasil.[2]

Uma idéia, uma prática e uma instituição

O problema é que na história da maçonaria, propriamente dita, se confundem três objetos de estudo que muitas vezes são tratados como se fosse uma coisa só. O primeiro é a ideia que nutre a formação da sociedade maçônica; o segundo é a prática que leva ao comportamento considerado maçônico e o terceiro é a instituição chamada Maçonaria.

O primeiro desses objetos é a ideia que está na origem da maçonaria. Essa idéia é a Utopia, aqui considerada como sendo um desejo do espírito humano de alcançar uma ordem social perfeita, na qual a justiça seja feita e a felicidade geral da sociedade seja garantida. Por isso se diz que a maçonaria é tão antiga quanto a sociedade, e existe desde que se formaram os primeiros grupamentos humanos. O próprio Anderson, ao escrever as Constituições, livro que até hoje é considerado a Carta Magna da Maçonaria institucional, diz que Adão, no paraíso já possuia conhecimentos maçônicos, pois segundo ele “os repassou para seu filho Seth, que construiu para seu filho Enoch, uma cidade chamada “Consagrada”. [3]

Evidente que Anderson não acreditava literalmente que Adão já era um maçom, nem ele era um místico irresponsável que estava divulgando ideias estapafúrdias a respeito de uma prática, que naquele momento, já estava conquistando toda a intelectualidade da Europa. Anderson estava se referindo á ideia que nutre a sociedade maçônica, que é a ideia da Utopia, ou seja, a da construção da ordem social perfeita. Que aliás, é o paraíso.

Essa ideia tem animado os espíritos das pessoas mais sensíveis desde a aurora dos tempos. No antigo Egito ela era cultivada através do culto á deusa Maat. Esse culto, que era também uma escola de moral, ensinava que todos os homens de responsabilidade na sociedade egípcia deviam cultivar a Maaty, ou seja, uma vida com retidão e justiça, para poderem ser julgados com benevolência no Tribunal de Osiris [4] Vários filósofos gregos também se ocuparam dessa idéia, com especial destaque para Platão, que em sua República, deu historicidade ao conceito da Utopia como realização social e política. No início da Idade Moderna, a grande maioria dos filósofos que precederam os Iluministas também trabalhou com esse conceito. A Utopia, portanto, é a ideia que está no cerne do conceito de maçonaria.

Toda ideia, cedo ou tarde, gera uma prática. A ideia da Utopia gerou uma série de práticas sociais que deram estrutura ás sociedades antigas. No Antigo Egito, por exemplo, deu origem ás Irmandades, como as que existiam em Heliópolis e Karnac. Eram fraternidades que congregavam as elites do povo egípcio, de onde saiam seus líderes, inclusive os faraós. Na Israel antiga eram os levitas que detinham esse poder. Na Grécia antiga existiam as frátrias, grupos familiares que dominavam a politica e a economia das cidades. [5]   Em Roma eram as famílias dos patrícios.

Essa prática evoluiu mais tarde para a formação das sociedades corporativas. Já na fase mais desenvolvida do Império Romano vamos encontras os chamados “Collegia Fabrorum” que eram corporações que administravam e controlavam o trabalho dos profissionais. Todas as profissões reconhecidas tinham o seu “Collegia”, que funcionava mais ou menos como um moderno sindicato ou associação de classe. Aqui, o objetivo era a preservação do mercado e a proteção social do membro da associação. Foi dessa prática que evoluíram, já na Idade Média, as chamadas guildas, corporações de ofícios, que congregavam os profissionais dos diversos ramos econômicos das sociedades da época.

 O esoterismo na maçonaria

Todo historiador que se mete a escrever sobre a história da maçonaria acaba esbarrando em um problema muito sério, que é a falta de documentos confiáveis, e principalmente a mistificação que alguns autores naturalmente fazem com um assunto desses. Historicamente há uma concordância geral entre os estudiosos de que a Maçonaria originou-se entre os profissionais de construção civil medievais, especialmente entre aqueles que construíam igrejas. Nestes, a necessidade de preservar seus segredos corporativos os forçou a criar uma espécie de cadeia iniciática muito particular, semelhante á uma seita religiosa, na qual se praticava uma linguagem e uma liturgia própria, que somente os iniciados dessa confraria de pedreiros podiam compartilhar.

Se formos estudar os documentos mais antigos que ainda subsistem, vamos ver que o esoterismo praticado por esses nossos Irmãos mais antigos se resumia á uma pálida ideia do Pitagorismo que lhes foi inspirado, provavelmente por arquitetos muçulmanos, que por volta do século VIII trouxeram para a Europa as primeiras manifestações do estilo gótico na construção dos seus templos. O Pitagorismo, como se sabe, parte do principio de que Deus constrói o universo com três elementos fundamentais, que são o som, a forma e o número. Serão esses três elementos que irão fornecer aos nossos Irmãos operativos o essencial da sua espiritualidade, pois no seu trabalho de construtor eles irão refletir na construção das igrejas exatamente essas ideias. De fato, a estrutura da igreja gótica é um todo que deve contemplar um ideal de sonoridade, forma geométrica apurada e proporção aritmética perfeita, por que, segundo a crença desses Irmãos, a igreja gótica era uma maquete do próprio pensamento de Deus, como Grande Arquiteto cósmico. Ao construir uma igreja, eles estavam imitando a obra divina na construção do universo. Por isso, o maçom medieval era chamado de “Pedreiro do Bom Deus”.[6]

A antiga maçonaria que era praticada nos canteiros de obras medievais não resistiu ás mudanças trazidas pela Idade Moderna. As próprias organizações que existiam dentro da Igreja Católica se viram contaminadas pelas correntes de pensamento que a abertura cultural da Renascença prodigalizou. Uma dessas correntes foi o Neoplatonismo, que trouxe de volta o gnosticismo, que a Igreja Católica havia banido da cultura ocidental desde o século IV da era cristã, quando o Vaticano adotou o credo paulino, no Concílio de Nicéia, como único credo verdadeiro dos cristãos.[7]

Com o Neoplatonismo ganharam força dentro da maçonaria várias correntes de pensamento da chamada filosofia oculta, tal como o Hermetismo (alquimia) e a Cabala filosófica, que acabaram sendo introduzidas na Ordem através dos chamados “maçons aceitos”, que na verdade eram intelectuais e pessoas de altos postos dentro das sociedades da época. Essas pessoas acabaram sendo seduzidas pela ideia “rosa-cruciana” de uma nova Utopia, mas agora inspirada pelos ventos da Reforma Protestante e principalmente pelas ideias libertárias do Iluminismo. [8]

Foi assim que a maçonaria, a partir do início do século XVIII, quando ela se organizou como instituição, formalmente reconhecida, incorporou todas as temáticas que hoje encontramos em seus rituais. Assim, hoje, a Maçonaria institucional, no seu lado esotérico, nada mais é que o pensamento esotérico rosa-cruz, na forma como idealizado pelo fundador desse movimento, o lendário Cristhian Rosencreutz, que na verdade era um famoso alquimista alemão chamado Johan Valentin Andreas em seus trabalhos Fama Fraternitatis e Núpcias Químicas de CR..[9]

Nota: "goteira" é um termo que designa a presença de uma pessoa não maçom entre maçons.

(RESUMO DA PALESTRA PROFERIDA NO SEMINÁRIO MAÇÔNICO DE BOA VISTA -RORAIMA 22 DE AGOSTO DE 2015)

[1] Giordano Bruno e a Tradição Hermética e o Iluminismo Rosacruz, ambos publicados no Brasil pela Ed. Cultrix.
[2][2] Vide a trilogia 1808,1822 e 1889, escrita pelo historiador e jornalista Laurentino Gomes, publicada pela Ed. Globo, 2010/11/12
[3] ANDERSON, James. As Constituições, Ed. Fraternidade, 1982.                                                                   
[4]BUDGE, Ernest Wallis. The Gods of Egipcians, Vol I e II. New York, Ed. Dover, 1969.
[5] Da palavra frátria originou-se o termo “fraternidade”. Heródoto diz que esses grupos eram tão fortes na antiga Atenas que Sólon, o seu primeiro legislador, teve que reduzir o número de frátrias em 30 grupos.
[6][6] FULCANELLI. O Mistério das Catedrais. Lisboa, Ed. Esfinge, 1964
[7]Concílio realizado na cidade de Nicéia, atual Turquia, em 325 e C, no qual a Igreja decidiu que os únicos evangelhos confiáveis eram os quatro evangelhos oficiais (Mateus, Marcos, Lucas e João) e que os ensinamentos mais corretos acerca da doutrina de Jesus eram os contidos nas obras do apóstolo Paulo. Por isso o credo católico é chamado Credo Paulino. Nesse Concílio todos os demais evangelhos foram censurados e considerados apócrifos.
[8] Nesse rol incluem-se os grandes pensadores da época, inspiradores da maçonaria moderna. Entre eles Giordano Bruno (De l’infinito universo e mondi, Spaccio de la Bestia Trionfante) , Roger Bacon (Nova Atlantis) Tommaso Campannela ( A Cidade Mágica do Sol) John Milton ( O Paraíso Perdido), Thomas Mórus(Utopia) Voltaire ( Candido ou o Otimismo) todos trabalhos que se referem á Utopia ou á ordem social perfeita.
[9] Para a integra desse pensamento veja-se as obras fundamentais, já citadas de Frances Yates, Giordano Bruno e a Tradição Hermética e o iluminismo Rosacruz.

MAÇONARIA & TOLERÂNCIA RELIGIOSA

Por Ir.’. Kennyo Smail


A Maçonaria declara combater a intolerância, a ignorância e o fanatismo. Esses três males estão intrinsicamente relacionados. A ignorância é, sem sombra de dúvidas, a origem e o cerne do fanatismo e de toda a intolerância, em especial a religiosa. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa máxima cristã ensina que o conhecimento, alcançado pela busca da verdade, liberta o homem da ignorância. A Maçonaria, em seus rituais, instruções e literatura, também é extremamente rica em passagens que revelam essa sua vocação. Além de sua história.
Como bem observado pelo pesquisador Antônio Gouvêa Mendonça[i], a Maçonaria constituiu “um peso razoável na balança a favor do protestantismo no momento de sua inserção na sociedade brasileira”. Isso ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. Nessa época, de hegemonia e poder católico no Brasil, os protestantes eram a minoria, que sofria todo tipo de ataque intolerante, fanático, preconceituoso. E a Maçonaria, original defensora da liberdade religiosa, e em combate aos males já mencionados, muito colaborou para o ingresso e consolidação das igrejas protestantes no país.

David Gueiros Vieira, em seu artigo sobre o tema[ii], destaca que a Maçonaria brasileira da segunda metade do século XIX, não somente trabalhou em prol do protestantismo, como também do liberalismo, da abolição da escravatura, do ensino laico, e da proclamação da república, garantindo assim a separação da Igreja-Estado, da qual todos usufruímos atualmente. Marcos José Diniz Silva, inclusive, atentou para a guerra midiática entre a Maçonaria e a Igreja Católica, a favor e contra o ensino laico e a liberdade religiosa, por meio de seus jornais.[iii] Mas foquemos aqui na questão religiosa.
Naquela época, os protestantes enfrentavam todo tipo de boicote, desde aquisição de terrenos para igrejas, compra de material de construção, mão de obra, até ameaças aos sacerdotes e fiéis, e atos de vandalismo. Há registro de casos de congregações religiosas que funcionaram inicialmente nas dependências de Lojas Maçônicas, que as ajudaram a construir seus próprios edifícios. Há também registro de proteção maçônica a pastores em suas pregações públicas em todo o interior do país. As igrejas pentecostais e neopentecostais, que surgiram no Brasil durante as décadas seguintes, usufruíram da base bem fundamentada, construída pelos protestantes tradicionais (históricos) com o auxílio dos maçons (muitos deles, também protestantes).

No entanto, atualmente, o Brasil tem assistido outra crise de ignorância, fanatismo e intolerância religiosa. Os noticiários têm apresentado uma crescente onda de casos de intolerância contra, principalmente, religiões de origem africana. Aqui mesmo, nas proximidades da Capital Federal, três terreiros sofreram vandalismo e foram incendiados. Isso mesmo: no entorno de Brasília, em pleno século XXI. Lojas de artigos de umbanda também foram depredadas em Belo Horizonte. Isso sem contar os casos quase que diários de agressão física, até mesmo a uma menina no Rio de Janeiro, apedrejada por ser adepta do Candomblé, e outra em Curitiba, agredida dentro de sala de aula pela mesma razão. Cada uma em um canto do país. Ambas, vítimas do que é uma clara afronta aos Direitos Humanos e à Constituição.

Infelizmente, alguns sacerdotes de certas vertentes evangélicas, também tomados pela ignorância, vez ou outra nos surpreende com discursos e propagandas antimaçônicas, como já noticiado aqui no blog. Suas memórias curtas ou, simplesmente, puro desconhecimento (ignorância), levam-lhes ao erro de atacar a Maçonaria, que tanto colaborou para a consolidação de suas antecessoras e, consequentemente, de suas próprias igrejas no país. É esse tipo de “ignorância sacerdotal” que incita a intolerância, o fanatismo, levando indivíduos aprisionados a suas fés cegas e má orientações espirituais a atos de terrorismo como os mencionados.

Espero que nossas Obediências Maçônicas abracem novamente a causa do combate à intolerância religiosa, como fez há 150 anos. A reforma política já tem a atenção de grandes instituições, como o MPF – Ministério Público Federal, e a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. As minorias religiosas discriminadas não. Essa conquista maçônica do passado, chamada de liberdade religiosa, está seriamente ameaçada e merece mais uma vez nossa atenção. Não podemos esperar que as difamações contra a Maçonaria se transformem em apedrejamento de maçons e incêndio a Lojas Maçônicas para agir.



[i] MENDONÇA, A. G. Inserção dos protestantismos e “questão religiosa” no Brasil, século XIX (reflexões e hipóteses). Estudos Teológicos, Vol. 27, No. 3, 1987, p. 219-237.
[ii] VIEIRA, D. G. O Liberalismo, a Maçonaria e o Protestantismo no Brasil no Século Dezenove. Estudos Teológicos, Vol. 27, No. 3, 1987, p. 195-217.
[iii] SILVA, M. J. D. Maçonaria e laicismo republicano na imprensa católica cearense entre os anos de 1910 e 1920. Ciência & Maçonaria, Vol. Vol. 1, n.1, Jan/Jun, 2013, p. 7-19.

'UM DE VÓS ME TRAIRÁ’


Da Vinci retratou ‘A ultima Ceia’ como nenhum outro pintor tinha feito, deixando de fora símbolos importantes da cristandade. Vamos conferir?

Nada, nem um único detalhe parece ser fortuito no afresco ‘A ultima Ceia’, uma das obras mais famosas do mestre renascentista. Os especialistas acreditam que tudo nele obedece a um propósito minuciosamente planejado pelo artista. Cada fisionomia carrega um significado diferente. Cada gesto, uma mensagem subliminar.
E nós fomos conferir de pertinho seus mistérios mais ocultos da obra A ultima Ceia.
Acompanhem-nos!
1. LINGUAGEM CORPORAL
As faces e os gestos dos personagens representam sentimentos humanos (desconfiança, apreensão, espanto, ira, medo, tristeza... e por aí vai). O único rosto verdadeiramente sereno, livre de qualquer pesar, é o de Jesus Cristo.
2. SANTO GRAAL
O cálice que, segundo o relato bíblico, teria sido usado por Cristo durante a Ceia simplesmente não aparece na pintura. Alguns teóricos defendem que, ao deixar o objeto sagrado de fora, Da Vinci estaria deliberadamente ignorando o símbolo da aliança entre Deus e os homens. Sua intenção seria agredir a Igreja, então comandada pelo papa Alexandre VI, seu desafeto.
3. SEM AURÉOLAS
Da Vinci não pintou auréolas em ninguém, algo inédito até então. É que o artista engrossava as fileiras do Catarismo, um movimento cristão que não venerava santos e enxergava a Jesus Cristo como um homem comum.
4. TRAIDOR DE CRISTO
A cena retratada é uma das mais famosas passagens do Novo Testamento: o momento em que Jesus Cristo revela que um dos apóstolos vai traí-lo. Segundo a Bíblia, o traidor é Judas Iscariotes – único da cena com o rosto parcialmente encoberto por uma sombra. Bem na frente dele, há um saleiro sobre a mesa. Pode se tratar de uma representação de mau agouro (uma pista deixada por Da Vinci, indicando qual dos 12 apóstolos era o traidor de Jesus).
5. SOMA DOS ÂNGULOS
A figura de Cristo com os braços estendidos forma um triângulo. Acredita-se que seja uma referência à perfeição matemática. (a soma dos ângulos de qualquer triângulo é sempre igual a 180º).
6. ADAGA DA DISCÓRDIA
A única arma que aparece na cena não está na mão de Judas Iscariotes, mas de Pedro. A interpretação de alguns teóricos: Pedro, “fundador” da Igreja Católica, simbolizaria o papa. Seria mais uma alfinetada em Alexandre VI – para Da Vinci, o verdadeiro traidor. Há quem defenda, porém, que a faca é uma menção ao fato de que o apóstolo cortará a orelha de um servo romano na noite da prisão de Cristo.
7. EU SOU VOCÊ
Pode ser que Da Vinci tenha pintado seu próprio rosto ao retratar Judas Tadeu. As feições do apóstolo são parecidas com um autoretrato feito por ele três anos depois.
8. AMIGO ÍNTIMO
À esquerda de Judas Tadeu, em vez do apóstolo Mateus, o artista teria pintado Marsílio Ficino, amigo íntimo e tradutor dos textos do filósofo grego Platão para o latim.
9 . HOMENAGEM PLATÔNICA
Judas Tadeu (Da Vinci) e Mateus (Marsílio Ficino) olham para o homem na ponta da mesa. Deveria ser o apóstolo Simão, mas talvez seja Platão. Seus traços na pintura lembram bastante os de um busto do filósofo grego exibido em Florença.
PS:
A composição é perfeita. O rosto de Cristo ocupa o centro da pintura, ponto par ao qual convergem todas as linhas de fuga. A distribuição dos 12 apóstolos é harmoniosa: seis de cada lado, subdivididos em quatro grupos de três. O equilíbrio da pintura é reforçado pela simetria do cenário de fundo. As portas e janelas em perspectiva garantem profundidade à obra. (Pesquisa: Ir.`. Rui Barbosa)