A tradição das cerimônias das estações é muito antiga e remontam muitas eras anteriores à nossa. Estas cerimônias têm, basicamente, a finalidade de formar a sintonia de nossas naturezas internas com a Essência latente na Natureza, realizando, assim, a Grande Alquimia Universal.
As raízes elementares de nossa tradição, como os antigos preconizavam, estão baseadas na triplicidade da vida, ou seja, nascimento, crescimento e morte, e mais um quarto fator conecta a morte a um novo nascimento, dentro dos princípios dos ciclos quaternários da existência.
Pode também dizer que esta tradição tornou-se conhecida como a Tradição Ocidental de Mistérios, que assim como a oriental, por sua universalidade, relaciona-se com as mitologias, religiões e sistemas de filosofia hermética, permitindo ao homem rasgar os véus dos mistérios da Vida Superior.
Assim sendo, reabrindo mais um ciclo de comemorações destas magníficas ocorrências cósmicas, e a Maçonaria como arcana mantenedora das tradições arcanas, encerram em seus mais preciosos símbolos os mistérios dos ciclos quaternários da Vida. Nas Três Grandes Luzes da Maçonaria, o L.´. L.´., o Esq.´. e o Comp.´., estão ocultos os grandes mistérios dessa tradição das estações.
No L.´. L.´., está à manifestação Cósmica narrada desde sua origem, a Gênese da Vida, percorrendo suas miríades de formas, até sua exaltação máxima, na figura do Homem-Deus Realizado na Ressurreição da própria Vida, que retorna à sua Fonte Primordial. No Comp.´., que traça infinitos círculos concêntricos estão expressos os diversos ciclos que compões a Grande Sinfonia Universal da Manifestação da Vida. No Esq.´., com seu ângulo reto fixo, demarca a divisão quaternária dos ciclos traçados pelo compasso. O esquadro promove a Quadratura do Círculo, marcando assim o ritmo quaternário da Natureza em seus múltiplos aspectos.
Os ciclos quaternários estão presentes em nosso universo local, desde o micro ao macro, sejam nos anos, meses, dias como em nossa respiração, numa harmonia única. Estamos comemorando A primavera, em sua entrada no Equinócio O Sol, Astro-Rei de nosso sistema planetário, em seu movimento aparente em relação a Terra, caminhando de Oriente para Ocidente, não o faz de um mesmo modo durante todo o ano. Devido à inclinação do eixo imaginário de nosso planeta em relação a seu plano de translação, conhecida também por eclíptica, o Sol, a cada época do ano desponta no Oriente em um lugar diferente.
A inclinação do eixo deu à Terra um ritmo quaternário em sua caminhada anual, caracterizando as quatro estações do ano. Os povos da antiguidade davam grande importância ao correto conhecimento das épocas em que essas estações ocorriam, pois podiam assim rogar aos deuses proteção para suas colheitas e criações. A necessidade de prever essas épocas levou-os a demarcarem as posições máximas que o Sol tomava no Oriente, através de duas grandes colunas de pedra, que estão simbolicamente representadas pelas colunas J.´.e B.´. em nossos templos, e que são as posições demarcadas pelas linhas imaginárias conhecidas por Trópicos.
Com isto, os antigos sabiam quando o Sol chegava à sua máxima posição Norte, assim como Sul e, consequentemente, sua posição média ou central. Notavam também que a duração dos dias e das noites variava conforme a posição do Sol em relação a essas colunas. Verificavam que quando o Sol encontrava-se na posição central, o dia e as noites possuíam a mesma duração. Essa posição média corresponde aos Equinócios, quando o Sol atravessa o equador Terrestre, tornando os dias iguais às noites.
O Sol, na passagem de Norte para Sul, no encontro do Equador, nos proporciona o Equinócio de Primavera. Assim como o Sol nos Equinócios propicia dias e noites iguais, no equilíbrio de luz e trevas, símbolos dos aspectos positivo e negativo da natureza, do Bem e do mal cósmico, do espírito e da Matéria; assim o homem nesta época de especial importância, tem a oportunidade de harmonizar sua polaridade interna na fertilidade primaveril dos campos de sua mente e coração. A brilhante força e esplendor da Luz Espiritual, simbolizada pelo Sol nos convidam ao renascimento na aurora deste novo ciclo que se inicia.
Que a chama da juventude primaveril seja acesa em nossos corações repletos de esperança. Abençoada sela a Luz Solar que diuturnamente nos traz das trevas para a luz da vida consciente. É Hiram que renasce, uma vez mais, para a glória do G.´.A.´.D.´.U.´., no coração de todos os homens de boa vontade.
Os antigos mistérios de Eleusis, o homem era simbolizado por uma semente, que deitada e sepultada no solo, germinaria e de abriria pelo seu próprio esforço, para a Luz. A primavera constituí a época de germinação de todas as sementes que foram plantadas. O que significa a comparação entre homem e a semente? Como a Lei Fundamental, sabemos que não há significação na Matéria sem espírito, Luz sem Trevas, como não há sentido num campo sem sementes. Assim é o homem. Sua mente e coração devem ser sempre como uma sementeira de nobres e elevados princípios, como um campo fértil. A semente representa as possibilidades latentes do homem que devem ser despertadas para manifestarem-se à Luz da Vida. Assim como a semente morre para que a planta possa crescer, assim devem morrer nossos vícios e imperfeições para que o gérmen da nova vida possa se manifestar.
Para que um campo seja fértil, é necessário que seus elementos de polaridade estejam em perfeito equilíbrio; caso contrário, envenenará toda e qualquer semente ali plantada. O mesmo acontece com o homem: para que seu campo interior possa receber sementes, deve primeiro se tornar fértil pelo equilíbrio se sua mente e seu coração.
O que devemos plantar dentro de nós ? Sementes de excelsas virtudes espirituais, de forma a que possamos crescer e frutificar para benefícios da humanidade em geral, embelezando o jardim do mundo. A semente da Fraternidade, que deverá ser sempre profundamente semeada de maneira a germinar firmemente a planta que dará as melhores flores e frutos provenientes da convivência maçônica.
Assim sendo, ajudai-me a invocar o auxilio do G.´.A.´.D.´.U.´., nesta solene data, a fim de melhor alcançarmos estes desígnios. Graças Te rendemos, G.´.A.´.D.´.U.´., Senhor da Suprema Luz, Germinador dos Mundos. Abençoadas sejam as sementes da virtude implantadas no campo fértil de nossas mentes e corações para que germinem, cresçam e frutifiquem. Que nesta primavera seja depositada em nossas almas a sagrada chama da Imortal Luz. Que esta data seja para todos um renascimento das sementes da Fé, da esperança e do Amor da Fraternidade Universal.
Tomai das sementes e comei, plantando simbolicamente, no interior de cada um, os princípios que compreendeis que devais desenvolver neste ciclo, para vos tornardes os melhores veículos em prol da Grande Obra do G.´.A.´.D.´.U.´. Os antigos dias de sacrifícios nos altares se foram. Mas muito mais é hoje requerido de cada um para oferecer-se em prol de serviços da tradição espiritual. Nada que não for oferecido voluntária e prazerosamente é de valor nos Mistérios Sagrados.
Que o G.´.A.´.D.´.U.´. propicie a todos uma estação plena de Paz e Progresso para realizarmos nossas missões.
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