domingo, 19 de fevereiro de 2017

LOJAS DE SÃO JOÃO

*João Anatalino
Um simbolismo interessante é aquele que associa as diferentes fases do ensinamento maçônico com certas cores, denotando aqui mais uma influência do magistério de Hermes. 

Sabe-se que as fases do processo de obtenção da pedra filosofal são reconhecidas pelas cores que a matéria prima apresenta. Em cada uma dessas fases é a cor dessa matéria que indica se o alquimista está ou não no caminho certo. Da mesma forma, em cada uma das fases do aprendizado maçônico o iniciado frequentará uma Loja da Maçonaria azul, branca ou vermelha, indicativa do desenvolvimento filosófico que ostenta. Essas reuniões, em sociedades iniciáticas similares, são conhecidas como capítulos, ou graus.

Maçonaria azul é a denominação dada as chamadas Lojas simbólicas, onde se praticam os três primeiros graus: aprendiz, companheiro e mestre. O Rito Escocês Antigo e Aceito chama a essas Lojas, Lojas de São João. Não se sabe exatamente qual é o São João que patrocina a Maçonaria azul. Alguns autores afirmam ser o São João Evangelista, outros dizem ser o Batista. Há os que dizem ser o São João “Esmoler”, fundador da Ordem do Hospital de São João, durante as Cruzadas.

Essa crença foi disseminada principalmente pelo maçom André Michel de Ramsay, que no seu famoso discurso, feito em 1736 para os maçons franceses, afirmou a existência de uma interação entre a Maçonaria e os cavaleiros membros do Hospital de São João, ocorrida por ocasião da primeira Cruzada. 

“Certo tempo depois, nossa Ordem se uniu com os Cavaleiros de São João de Jerusalém”, diz Ramsay. “Desde então, nossas Lojas todas trouxeram o nome de Lojas de São João. Essa união foi feita a exemplo dos israelitas quando construíram o Segundo Templo. Enquanto manipulavam a trolha e a argamassa com uma mão, traziam na outra o escudo e a espada”.[1]

Quem era esse São João ele não diz, mas não é difícil descobrir, pois quem fundou a Ordem dos Cavaleiros de São João, conhecida como Ordem dos Hospitalários, foi exatamente o São João “Esmoler”, filho do rei de Rodes, que se deslocou para a Terra Santa junto com a primeira Cruzada para ali servir como monge. Quanto ao São João Evangelista, o seu patrocínio só aparece na Maçonaria a partir da introdução dos temas gnósticos em seus ritos, ocorridos a partir do advento da transição do operativo para o especulativo. São João Evangelista é um santo de grande prestígio entre os autores esotéricos. 

Ele é tido como verdadeiro introdutor da gnose cristã na Bíblia. Seu evangelho é francamente inspirado em temas gnósticos e cabalísticos, e a ser verdadeiro que ele também é o autor do Apocalipse, então não há qualquer dúvida que ele foi, realmente, um pensador formado naquela escola, já que esse livro foi claramente escrito sob a inspiração dessas duas disciplinas.

As alusões a São João Batista, porém, já são mais antigas. Elas já aparecem nas tradições maçônicas medievais, nas quais esse santo era homenageado com grandes festas. Na Escócia, segundo informa Jean Palou, a festa de São João Evangelista era celebrada pelos maçons escoceses em 27 de dezembro, época em que se escolhiam o supervisor da guilda (Venerável Mestre), seus diáconos e oficiais para presidirem a Loja. São João Batista também é um personagem muito venerado entre os filósofos gnósticos. Para algumas seitas praticantes dessa doutrina, inclusive, ele seria o verdadeiro Messias, e não Jesus, como pregam os Evangelhos canônicos.[2]

Para os discípulos de Hermes (os alquimistas), a história de São João Batista é uma alegoria de grande significado. Como “precursor” da Grande Obra de redenção universal, realizada por Jesus, ele simboliza o “mediador, aquele que tem a missão de “abrir” a porta da iniciação, da mesma forma que o vitríolo filosófico no trabalho dos alquimistas.[3] Por isso, na iconografia alquímica, esse composto é representado por uma caveira em um prato de prata, significando que é preciso o sacrifício dessa matéria para que a bela Salomé (símbolo da natureza), possa apresentar-se ao adepto em toda sua deslumbrante nudez. Salomé, como sabemos, foi a dançarina responsável pela execução de João Batista ao pedir a cabeça do profeta ao rei Herodes. 

Daí a razão de alguns autores maçons justificarem a escolha de São João Batista para patrocinador das Lojas simbólicas. Ela tem sua fundamentação em temas alquímicos. Esse santo, que provavelmente foi membro da seita dos essênios, é considerado pelos autores esotéricos um mediador entre as duas estruturas cósmicas, representadas pela suas partes material e espiritual. Ele preside também, na tradição romântica dos povos ocidentais, a união dos cônjuges, quando esta se consuma na noite a ele consagrada (24 de junho). 

Para a Maçonaria, a tradição de invocar esse santo como patrocinador da sua arte, teria o condão de despertar a sua mediação para a realização da transmutação do caráter profano do néofito, para o estado de consciência superior que caracteriza o iniciado. Essa idéia é interessante porquanto São João Batista é o introdutor do cristianismo. Foi ele o “mestre” que iniciou Jesus. Na verdade, foi ele também que rompeu com as velhas estruturas do judaísmo, inaugurando uma nova era teológica, na qual o Deus de Israel deixou de ser um deus local, confinado á um povo, para ser um Deus universal, pai de toda a criação.

João Batista, com seu batismo em água, antecedeu o batismo em fogo que Jesus traria em seguida. Observe-se que essa simbologia foi apropriada na iniciação maçônica, na qual o iniciando é purificado primeiro pela água e depois pelo fogo. Nesse simbolismo também se pode identificar o processo alquímico operatório, pois a “matéria prima da obra” não pode ser levada ao fogo antes de ser convenientemente purificada pela água. Aqui está, como se vê, mais um legado dos alquimistas á Arte Real. 

Por fim, é interessante registrar que não importa saber qual dos três santos é o verdadeiro patrono da Maçonaria. Seja qual for o escolhido, todos tiveram mérito suficiente em suas vidas para receber essa homenagem. São João, o Esmoler, ao fundar a Ordem de São João do Hospital, deixou um dos maiores legados que um homem pode deixar á humanidade. Pois a Ordem dos Hospitalários foi a responsável pela fundação dos hospitais filantrópicos que ainda hoje servem ao povo de baixa renda em vários países do mundo. Essa Ordem, que nos dias atuais é conhecida como Ordem dos Cavaleiros de Malta deu origem ás nossas conhecidas Santas Casas de Misericórdia e á Cruz Vermelha. Embora hoje essas instituições não estejam mais ligadas aos Cavaleiros de Malta(antigos hospitalários), foi dessa céluma mater que elas nasceram. Por isso as Lojas Maçônicas ainda consagram,até hoje, a tradição de manter um "Irmão Hospitaleiro" entre os oficiais da Loja para recolher as contribuições para o "Hospital".

Quanto aos outros dois "São João", o Batista e o Evangelista, suas histórias são bem conhecidas e não é necessário referi-las aqui. Seja qual for o nosso santo padroeiro, que ele nos ilumine e proteja, para que as Lojas de São João prosperem e cumpram, de fato, a missão pela qual elas foram criadas. 
___________

[1] Jean Palou-A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, pg. 72. 
[2] A seita dos mandeanos, que sobrevive em algumas regiões da Pérsia, ainda conserva a tradição que faz de João Batista o verdadeiro Messias de Israel.

MANUSCRITOS DO MAR MORTO


A doutrina que João pregou no deserto já era conhecida dois séculos antes. Alguns judeus particularmente piedosos (os Hassidim) admitiam estar próximo o fim do mundo, por acreditarem no que dizia o livro dos Macabeus (I. Mac. 1,2).
Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilónia vieram os Persas. Alexandre venceu-os em 333 a. C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judeia.
Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essénios. Alguns desses Essénios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. Deram origem à seita dos Fariseus.
O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essénios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência directa deste, no que toca às palavras, às ideias e às próprias doutrinas.
Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasilhas de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus. São a relíquia religiosa mais importante depois de se ter provado que o “Santo Sudário”, supostamente a mortalha do corpo de Jesus, tinha sido tecido 1300 anos depois da sua morte.
A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser “Um escândalo académico que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados”.
Muitos destes manuscritos estão guardados em diversas universidades, em Israel, Estados Unidos, França e Inglaterra.
A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta. No trabalho de tradução recorre-se ao computador, que dispensa o manuseio (e a consequente deterioração) das peças originais. As dificuldades são muitas. Para se formar um rolo é preciso juntar-se grande número de fragmentos, porque as “folhas” originais estão ressequidas e partidas. A crescente ansiedade dos estudiosos bíblico relaciona-se com a desejada prova da ligação de Jesus à Ordem dos Essénios, particularmente depois dos 13 anos, a identificação histórica de Jesus e a confirmação da dependência do Novo Testamento desses manuscritos. A sua divulgação tem sido dificultada por razões não exclusivamente técnicas. O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997. As justificações para esta demora são essencialmente três:

  • Conteúdo espectacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos.


  • Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos.


  • Dificuldades financeiras.
Bibliografia
Allegro, John - O Mito Cristão e os Manuscritos do Mar Morto, Lxª; Daniélou, Jean - Los Manuscritos del Mar Muerto y Las Orígenes del Cristianismo, Buenos Aires, 1959; Scholfield, Hugh - A Odisseia dos Essénios, S. Paulo 1991; Revista Veja, 6 de Setembro de 1989. Mapa: Revista Veja, 6 de Setembro de 1989.

- Fonte: Revista "Rosacruz", Junho de 1996 , Fraternidade Rosacruz de Portugal

domingo, 5 de fevereiro de 2017

PRANCHA SOBRE A 2ª S.’. I.’. INSTRUÇ ÃO DE A.’. M.’.

A S.’. I.’. nos mostra uma grande verdade, a existência de um ser superior, do Grande Arquiteto do Universo (G.’.A.’.D.’.U.’.) criador de tudo que existiu, existe e existirá.
Sabemos disso pois somos dotados de inteligência, e com ela sabemos distinguir o bem do mal e a Maçon.’. está aí para nos ajudar a fazer progressos e a aperfeiçoar a forma de distinguir o bem que devemos sempre fazer do mal que devemos evitar em nós e nos que nos cercam.

Chamamos a isso de Moral, e na Maçon.’. encontramos o ensinamento necessário para seguir nosso caminho para o bem. Na Maçon.’. encontramos a mais pura e propícia formação de nosso caráter, tanto do ponto de vista social como individual.

Podemos fazer uma analogia deste progresso de aperfeiçoamento com nossa vida, dividida em infância, quando este discernimento é rudimentar, passando pela adolescência onde nos deparamos com muitos questionamentos e no final, na nossa fase adulta, onde podemos aperfeiçoar e elevar ao mais alto grau a nossa concepção de moral.

Sabemos desde nossa entrada na Maçon.’. que o caminho será árduo e longo, mas não devemos esmorecer jamais, com certeza passaremos por bons e maus momentos, nestes casos, devemos retirar o máximo proveito dos bons momentos e fazer de trampolim os maus momentos.

A moral se baseia no amor ao próximo e a Deus e esta deve ser a base de todo o ensinamento moral.

Quando de nossa iniciação, provamos que somos livres e de bons costumes, mas só isso não basta, precisamos ter em nossas mentes que isso deve ser seguido em todo o resto de nossas vidas.

Nos é explicado que todo homem é livre, ninguém deve viver em escravidão, não devemos viver na escravidão que nossa vida profana muitas vezes nos priva de sermos livres por estar presos a conceitos. Não é ser escravo de sua liberdade, mas ser escravo de suas paixões. Por isso dizemos que temos de vencer nossas paixões e submeter nossas vontades, fazendo progresso na Maçon.’..

Quando fomos recebidos MM.’., estávamos nem vestidos e nem nus, despojados de todos os metais e com os ol.’. vend.’. para que ficássemos privados de nossa visão. A privação dos met.’. nos faz lembrar o homem em seu estado natural sem nenhuma vaidade, sem nenhum vício e sem orgulho e a cegueira momentânea nos leva ao homem primitivo, em sua ignorância sobre todas as coisas. Tudo isso nos leva a ver que tudo isso é imprescindível para alcançar a plenitude Moral.

Quando fizemos nossas vi.’. entre do Oc.’. para o Or.’. e do Or.’. ao Oc.’., na primeira é um caminho cheio de obstáculos, dificuldades e nebuloso, o segundo caminho é mais ameno, mas ouvindo o tilintar de armas e no final um caminho plano, rodeado de silêncio.

O primeiro caminho representa o caos que se acredita ter sido a criação do mundo, os primeiros anos do homem, o início dos tempos, onde as paixões dominam sobrepujando a razão e as leis. O ruído das armas na segunda viagem representa a ambição dos homens, antes de encontrar o equilíbrio, as lutas travadas pelos homens para se colocar em igualdade com seus semelhantes. A terceira viagem, plana, sem obstáculos e rodeada de silêncio, nos mostra paz e tranqüilidade resultante da ordem e da moderação das paixões quando atinge sua maturidade moral.

Representativamente cada uma destas viag.’. findou em uma port.’. em que bat.’.. A pr.’. ao s.’., onde foi nos mandado passar, na seg.’., no Oc.’., fomos purificados pela ág.’. e na ter.’., no Or.’., recebemos a purificação pelo fogo. Significando que para estar em condição de receber a L.’. da Verd.’., o homem deve se livrar de todos os preconceitos sociais e de educação e entregar-se de corpo e alma na procura da Sab.’..

Estas tr.’. port.’. representam as disposições para buscar a Verdade, a Sinceridade, a Coragem e a Perseverança.

Foi nos dada depois a L.’., V.’. que nos feriu os ol.’. para nos fazer perceber que os raios da L.’. da Verd.’. pode ofuscar a visão daquele que não está preparado para receber a Luz da Verd.’..

Fomos ligados a Ord.’. Maçôn.’. por um jur.’., onde dissemos, com nossas palavras que guardaremos seg.’. que nos foram confiados, juramos amar, proteger e socorrer nossos irmãos sempre que isso for necessário.

Nenhum arrependimento tenho até o momento e quero que assim continue até o final de meu tempo com minha entrada da Maçon.’.. 

Estou dando meus primeiros passos e quero fazer disso uma grande caminhada. 

Na s.’. inst.’. é questionado se há algum arrependimento e digo do fundo do coração que não, fiz um jur.’. e, como nos ensina a inst.’., o faria novamente sem pestanejar se assim se fizesse necessário.

Estou me tornando um M.’., muitos caminhos ainda terei que trilhar para alcançar meus objetivos ou os objetivos de todo o bom M.’., e quero que todos os ir.’. c.’. t.’. m.’. r.’..

Deverei ser reconhecido como M.’. pelos atos que praticar, buscando o ensinamento da Moral em nossos TT.’., sei também me fazer reconhecer pelo S.’., pela P.’. e pelo T.’.. 

A palavra, como apr.’., não a pronuncio, mas a sol.’.  pois no meu início, como colocado na fase da ignorância, devo receber para depois passar adiante.

A representatividade do av.’., que sempre tenho de estar usando em Loj.’., me faz lembrar que o homem nasceu para o trabalho e devo trabalhar incessantemente para buscar a Verdade e para buscar o aperfeiçoamento da humanidade.

Trabalhamos em um T.’. na forma de um paralelogramo estendendo-se o mesmo o Or.’. para o Oc.’. de largura de N.’. a S.’. e altura da Ter.’. ao C.’. com profundidade até o centro da Ter.’.. T.’. este coberto pela abóbada azul onde encontramos estrelas e nuvens, tendo também representado o Sol e a Lua bem como inúmeros astros que conservam o equilíbrio da atração de uns aos outros. 

Nossa Loj.’. também é sustentada pelas três fortes colunas representando a Sab.’. (V.’. M.’.) a Forç.’. (Ir.’. Pr.’. V.’.) e a Bel.’. (Ir.’. Seg.’. Vig.’.), também conhecidas como as Três Luzes, uma no Oriente e as outras a Sul e a Norte. 

O Or.’. indica o ponto de onde provém a Luz e o Oc.’. para onde ela se dirige. O Oc.’. representa o mundo visível, de um modo geral, tudo o que é material, e o Or.’. simboliza o mundo invisível, tudo o que é abstrato, o mundo espiritual.

Outras figuras alegóricas fazem-se presentes em nosso Temp.’., são elas:

O pórtico, ladeado por duas colunas (que representam os dois paralelos solsticiais) em cujos capitéis encontramos três romãs (que, pela sua divisão interna, representam as Loj.’. e os Maç.’. espalhados pelo mundo e suas sementes, intimamente ligadas, nos lembram a União e a Fraternidade que deve existir entre os homens) abertos que nos mostram suas sementes.

A p.’. b.’.. Representa o homem sem instrução, nu de conhecimento quando as paixões ainda o dominam.

A p.’. P.’. ou C.’.. Depois de receber instruções, já dominando suas paixões, o homem se liberta de suas asperezas, polindo a pedra.

O Esq.’., o Compas.’., o Nív.’. e o Prum.’.. Por serem instrumentos de precisão, indispensáveis na construção de qualquer edifício que se queira ser perfeito, nos fazem ver que na Construção Social do Maçom, também devemos fazer uso dos mesmos para nossas novas conquistas. O Esq.’. como a Retidão, o Compas.’. para a Justiça de nossos atos, e o Nív.’. e o Prum.’. para a igualdade que devemos ter junto a nossos irmãos e a todos os homens. 

O Maç.’. ou Malh.’. e o Cinz.’.. Representam a Inteligência e a Razão, ferramentas usadas pelo A.’. M.’. para o discernimento do Bem e do Mal.

O Pain.’. da Loj.’.. Onde encontramos todos os simbolismo de nossa Loj.’..

Ao Or.’. o S.’. e a L.’.. O S.’. e a L.’. representam, respectivamente a Luz Ativa e a Luz Refletida, ou a Sabedoria e seus efeitos.

Ao Oc.’. o Pav.’. Mos.’.. Representa a variedade de raças, cores, climas, religiões, opiniões políticas, mas ligados entre si, representa a União de todos os MM.’. sem levar em conta estas diferenças.

A Pranch.’. da Loj.’. ou P.’. de T.’.. Representa a memória, necessária para podermos fazer nossos julgamentos, conservando sempre o traçado que nossos MM.’. nos traçam para nos guiar, também são indicados os esquemas que constituem a chave para o Alf.’. Maç.’..

Toda a virtude deve ser exaltada, deve ser perseguida e abraçada com todas as nossas forças, devemos lutar para alcançar todas as virtudes. Em contrapartida, os vícios devem ser abandonados, execrados, afastados de nossos corpos e nossas mentes, por isso dizemos que em nossa Loj.’. levantamos TT.’. à Virt.’. e cav.’. Masmo.’. aos víc.’.. 

Em nossa Loj.’. estaremos sempre lutando para vencer nossas paixões, submeter nossa vontade e fazer novos progressos na Maç.’..

O caminho é árduo, cheio de obstáculos e armadilhas, mas devemos trilhá-lo com o coração aberto, despojados de qualquer rancor que faça com que não alcançamos nossos objetivos. Devemos deixar de lado nossas paixões e vontades e nossas vaidades, o vaidoso busca posição para se destacar, o verdadeiro M.’. busca o trabalho para destacar a Maç.’.. Todo o valor de que nós MM.’. buscamos, será medido pela busca incansável do Bem.

*Rui Barbosa - M.’.I.’.

PRANCHA SOBRE A PRIMEIRA INSTRUÇÃO DE A.’.M.’.


A P.’. I.’. nos faz ver a riqueza do simbolismo utilizada na Maç.’.. Nos mostra que, como na antiguidade, a maç.’. utilizava muitos símbolos para ocultar dos pprof.’. seus segredos, revelando somente aos escolhidos seus ensinamentos.


É nos dito que, sendo o p.’. g.’., o alicerce da filosofia simbólica, compete ao A.’. M.’. o trabalho de desbastar a p.’. br.’., transformando-a em p.’. pol.’., que nada mais é que, através do ensinamento, ocorrer nossa transformação, isto é furtarmos de nossos vícios e defeitos para nos aperfeiçoar moralmente.

Para isso usamos o Maç.’. e o Cin.’., para depois de transformada a P.’. Br.’. em P.’. Pol.’., ou seja, depois de nossa transformação, poder trocar por outras ferramentas para galgar a escada hierárquica da maç.’..

Podemos entender que o Maç .’.e o Cin.’. servem para derrubar nossos obstáculos e superar nossas dificuldades.

Entendemos também que o Cin.’. sem o Maç.’., seria um instrumento praticamente nulo, devendo ser usados em conjunto para o trabalho ser produzido com melhor efeito.

No Pain.’. da Loj.’. encontramos todos os símbolos que um A.’. M.’. deve conhecer.

A Loj.’. deve ter um formato quadrilongo, com comprimento do Or.’. ao Oc.’., com largura do N.’. ao S.’. e altura do Z.’. ao N.’. (da Terra ao Céu). Simbolizando a universalidade da instituição, mostrando também que a caridade não deve ter limites. 

Sua orientação é do Or.’. ao Oc.’. por vários motivos: o Sol, a glória maior do G.’.A.’.D.’.U.’. nasce no Or.’. e finda no Oc.’.; do Or.’. também vem a civilização e a ciência e por último, a doutrina do Amor e da Fraternidade, bem como o cumprimento das Leis também vieram do Or.’..

O sustentáculo da Loj.’. é feito por três CCol.’., a Sab.’., a For.’. e a Bel.’.. A Sab.’. deve nos orientar no caminho da vida, a For.’. deve nos animar a sustentar nossas vicissitudes e a Bel.’. deve adornar nossas ações, nosso caráter e nosso espírito. Estas colunas também representam Salomão pela Sab.’., Hiram pela For.’. e Adonhiram pela Bel.’.. Sab.’., For.’. e Bel.’. também são conceitos de virtudes morais que todo o homem deve ter, principalmente o maç.’., representando a Fé, a Esperança e a Caridade.

O Tet.’. da Loj.’. Maç.’. representa a Ab.’. Celes.’. com seus vários graus de iluminação. No interior da Loj.’., encontramos Ornamentos, Paramentos e Jóias. 

Ornamentos:

O Pav.’. Mos.’.; seus quadrados pretos e brancos representam o antagonismo de todas as coisas da natureza, onde tudo reside em harmonia. Tudo foi criado para viver em perfeita harmonia, não devemos olhar as diversidades como as cores e raças, o antagonismo das religiões e crenças tudo deve nos levar a ver somente que foram criadas para viver na mais íntima e perfeita Fraternidade.

A Orl.’. Dent.’.; representa com seus múltiplos dentes, os Planetas que gravitam em torno do Sol, os povos reunidos em volta de um chefe, os filhos reunidos em volta dos pais, os Maçons unidos e reunidos no seio da Loja para aprenderem princípios morais e espalhá-los aos que nos cercam, independentes de maçons ou profanos.

As Grandes Luzes da Loja são representadas pelo L.’. L.’., o Compas.’. e o Esq.’.. O L.’.L.’. representa o código moral, a Fé que cada um tem e segue, comumente representado pela Bíblia para os cristãos, o Alcorão, o Torá, enfim, todo e qualquer Código Moral usado  a justa que deve guiar nossas ações, que não podem se afastar da justiça e da retidão de nossos atos.

As pontas do Compas.’., ocultas pelo Esq.’. significa que o A.’. M.’., trabalhando na P.’. B.’., não deve fazer uso daquele enquanto sua obra não estiver perfeitamente acabada, polida e esquadrejada.

As Jóias da Loja são três móveis e três fixas. 


As Jóias móveis são o Esq.’., o Nív.’. e o Pr.’., são chamadas de móveis pois são transferidas a cada mandato para os novos Administradores, o V.’., o P.’. V.’. e o S.’. V.’..

Esq.’. - usado pelo V.’. M.’., representa a retidão que o mesmo deverá ter em seus trabalhos e sentimentos perante seus obreiros em Loj.’..

Niv.’. - Decorativo do P.’. V.’., tem em sua simbologia o Direito Natural, que é a base para a igualdade social e que dele derivam todos os Direitos.

Pr.’. - Orna o S.’. V.’. e simboliza o desapego ao interesse ou à afeição no trato com os obreiros.

As jóias fixas são a Pranch.’. da Loj.’., a P.’. B.’. e a P.’. P.’..

A Pranch.’. da Loj.’. serve para o M.’. desenhar e traçar o caminho que o A.’. M.’. deve trilhar para seu aperfeiçoamento. A Pranch.’. é também a chave do Alfab.’. Maç.’..

A P.’. B.’. tem como finalidade o trabalho do A.’. desbastando-a, talhando-a até que seja julgada P.’. pelos MM.’. da Loj.’..

A P.’. B.’. é o material retirado “in natura” da jazida, até que, pelo trabalho constante do obreiro, fique na forma ideal para poder ser usada na construção do edifício. Representa o estado bruto, áspero e despolido até que pelo cuidado e instrução dos MM.’. torne-se um ente Culto, capaz de fazer parte da Sociedade.

A P.’. P.’. ou C.’. é o material finalmente pronto, trabalhado, de linhas e ângulos retos, que o Comp.’. e o Esq.’. mostram que foi talhada de acordo com as exigências. Representa o saber do homem no fim da vida, quando o aplicou em atos de piedade e virtude, verificado pelo Esq.’. da Pal .’. Div.’. e pelo Comp.’. da consciência esclarecida.

São fixas por permanecer imóveis em Loj.’., como um Código de Moral, aberto para a compreensão de todos os Maçons.

*Rui Barbosa - M.’.I.’.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

A IMPORTÂNCIA DO INCENSO

Muitas pessoas não entendem muito bem, o porquê o uso do incenso é tão importante nas práticas religiosas e místicas. Essas práticas ocorrem há muito tempo atrás e como sempre o Egito está nesse meio. O Kyphi é um dos mais famosos incensos dos egípcios, ele é constituído de ingredientes muito elaborados e sua forma de confecção era em templos e em rituais muito fechados. Um dos ingredientes mais populares do Kyphi era o olíbano, e sua resina era extraída de árvores que eram consideradas sagradas.

Podemos ver a presença do incenso em diversas religiões, tais quais: Islamismo, Budismo, Hinduísmo, e até Cristã. Na Roma e na Grécia também eram usados com diversas finalidades. Nas ordens iniciáticas também são usados os aromas, por serem tão agradáveis e místicos. Hoje é casualmente usado em casas para o simples motivo de perfumar, sem necessariamente ter o contexto místico do mesmo.

O incenso é considerado “místico” por causa dos efeitos que causam nas pessoas, seu aroma trás tranquilidade, assim ajuda nas práticas de meditações e mágicas.  Não é difícil você sentir o cheiro da chuva e quase que instantâneo você se sentir bem. Essas são propriedades da Mãe Terra que utilizamos para nosso bel prazer.

O incenso também era responsável por conectar a terra com o céu; O ser humano com o Ser Superior. Hoje podemos ver essa ideia nas festas de aniversário quando desejamos algo e assopramos a vela, a fumaça será responsável de levar seus desejos aos deuses...

Para melhor compreensão desse assunto tão fascinante, segue um ótimo vídeo que  já está disponível em meu canal. Obrigado!!!

https://youtu.be/sZ_I1CQ_dQ4

NÃO EXISTE BODE NA MAÇONARIA!

Chega às raias do ridículo e, pior, alimentado pelos próprios Maçons, a associação do bode com a Maçonaria. É muito comum os Maçons chamarem-se a si próprios de bode e, ao arrepio do que preconizam os Rituais, com a finalidade de amedrontar os candidatos à iniciação, dizer-lhes que “vão ter que sentar no bode”, que devem “ter cuidado com o bode” e outras tolices de igual monta, inconcebíveis para um verdadeiro Maçom, um homem escolhido na Sociedade para “promover o bem estar da Humanidade, levantando Templos às virtudes e cavando masmorras aos vícios”.

Não existe bode na Maçonaria! Um dos principais símbolos da Maçonaria, o pentagrama (estrela de cinco pontas) com uma única ponta para o alto, onde pode ser inscrita uma figura humana (cabeça, braços e pernas), é exatamente o oposto do bode, cuja cabeça se pode inscrever dentro de uma estrela invertida, com uma única ponta para baixo (chifres, orelhas e barba). Enquanto a estrela adotada pela Maçonaria representa o que de mais nobre, ativo e benéfico existe na natureza humana, a estrela invertida, geralmente utilizada em rituais de magia negra, representa o que de mais brutalmente instintivo existe na impureza animal.

Não existe bode na Maçonaria! E a esmagadora maioria dos Maçons desconhece como, quando e onde tudo começou, havendo inclusive alguns eminentes autores nacionais que dizem ser uma invenção exclusivamente brasileira, derivada da expressão “bode preto”, que substitui a palavra “diabo”, o que não está correto. A associação do bode com a Maçonaria é muito mais profunda e perversa e se dá a nível internacional. Nicola Aslan in Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, afirma: “Houve mesmo uma época, na Inglaterra, em que alguns gracejadores insistiam em que houvesse um bode na Loja, sobre o qual obrigavam os neófitos a montar”. 

Não existe bode na Maçonaria! Na mitologia greco-romana sim. Pan (“tudo” em grego), o deus dos caçadores, das florestas, da vida natural e da fertilidade, era representado com o corpo de homem e com barba, cornos, orelhas, pernas e patas de bode. Na batalha de Maratona, teria ajudado os gregos amedrontando os persas, seus inimigos, originando-se daí a palavra pânico.

Não existe bode na Maçonaria! Na tradição judaica, cristã e islâmica sim. Com os demônios figurados como meio homem e meio bode. A expressão “bode expiatório”, que significa a pessoa a quem é imputada a culpa alheia, é originária da tradição judaica de enxotar para o deserto, no dia da expiação, um bode que carregava consigo os pecados do povo.

Não existe bode na Maçonaria! Nas religiões afro-brasileiras sim. Dos 16 Orixás cultuados no Brasil, 10 deles recebem oferendas de caprinos: Iansã, Oxum, Obá, Nanã, Ewá e Oxalá (cabra); Ogum (cabrito); Ossaim e Obaluaiê (bode) e Exú (bode preto).

Não existe bode na Maçonaria! A associação do bode com a Maçonaria, na realidade, começa com uma grande farsa perpetrada em dois atos teatrais, ambos tendo como pano de fundo a afirmação de que os Maçons cultuam Baphomet, o diabo em forma de bode. 

O primeiro ato inicia-se com a tese de que uma das origens ou fontes de inspiração da Maçonaria foi a Ordem dos Templários, parcialmente confirmada nos Altos Graus, com os chamados Graus Templários. Os Templários eram uma ordem militar religiosa fundada em 1118, com a finalidade de proteger o Reino Cristão de Jerusalém e escoltar os peregrinos cristãos que iam a Terra Santa. 

Tornaram-se muito poderosos e banqueiros de papas, reis e particulares. Em 1307, o Rei Felipe o Belo, de França, totalmente falido pelas guerras que movia contra seus vizinhos, resolveu apoderar-se dos bens da Ordem, prendendo os Templários sob a acusação de devassidão e idolatria e entregando-os à Inquisição que, sob tortura, obteve declarações de culpabilidade e queimou vivos, em 1314, os altos dignitários da Ordem, inclusive seu Grão-Mestre Jacques de Molay. Entre as inverídicas acusações contra os Templários, pesava a adoração a Baphomet, pretenso ídolo associado ao nome de Maomé, representado por uma figura humana com atributos dos dois sexos e com cabeça de carneiro ou bode.

O segundo ato, muito mais prejudicial e delirante, tem como ator principal o impostor francês Gabriel Antoine Jogand Pagés (1854-1907). Aluno expulso de colégios católicos, tornou-se jornalista e escritor anticlerical. Maçom expulso de sua Loja, tornou-se escritor anti-maçônico, depois de arrepender-se publicamente de seu anticlericalismo e ser recebido, abençoado e absolvido das inúmeras excomunhões que sofrera, pelo próprio papa. Em seus escritos, fazia uso de diversos pseudônimos, entre os quais o de Leo Taxil. Levando uma vida de falcatruas, enganou os Maçons, iludiu o clero, ludibriou os intelectuais e explorou a credulidade do público. Deve-se a ele, entre outras, a idéia de um Papa Maçônico, chefe mundial oculto e empenhado em destruir a Igreja Católica, a utilização de cadeiras de pregos onde os candidatos supunham que nelas iriam se sentar e a invenção de práticas luciferianas, com o culto a Baphomet. Seus escritos eram levados em alta conta pelas autoridades eclesiásticas, sendo traduzidos em diversos idiomas, geralmente por padres. 

A tradução para o português foi feita em 1892 pelo padre Francisco Correa Portocarreiro, autorizado pelo bispo do Porto. Embora suas imposturas fossem ridículas, o público de então, sob o beneplácito do clero, era extremamente crédulo. A imprensa, o público e o clero regozijaram-se quando Diana Vaugham, uma de suas personagens, se converte ao catolicismo, tornando-se ferrenha inimiga do luciferismo e da Maçonaria. O grande impostor torna-se então uma celebridade mundial, tendo sido, inclusive, condecorado pelo Papa Leão XIII com a Ordem do Santo Sepulcro, embora os personagens que criara nunca tivessem aparecido em público, o que começou a despertar desconfianças em uns e a certeza da impostura em outros, conquanto para a Igreja, os ataques fossem convenientes. 

Para encurtar esta sórdida história, após sofrer pesados ataques da imprensa, Taxil anunciou, em 25 de fevereiro de 1897, que Diana Vaughan compareceria em público em 19 de abril na Sociedade Geográfica de Paris para fazer uma conferência. No dia marcado, com a sala tomada por jornalistas, eclesiásticos e leigos, comparece Taxil em lugar de Diana para pronunciar um dos mais cínicos e descarados, se bem que esclarecedores, discursos já ouvidos: (1) Que a única Diana Vaughan que conhecera era uma moça, sua datilógrafa, a quem pagava 150 francos por mês; (2) Que durante doze anos sua intenção sempre fora a de estudar a fundo a Igreja Católica, com o auxílio de uma série de mistificadores que lhe revelariam os segredos dos espíritos e dos corações na hierarquia sacerdotal, tendo sido bem sucedido além de suas mais audaciosas esperanças; (3) Que depois de sua pretensa conversão ao catolicismo, o meio de alcançar seus fins lhe tinha sido sugerido no fato da Igreja ver na Maçonaria o seu mais perigoso adversário, e que numerosos católicos, encabeçados pelo papa, acreditavam que o demônio era o chefe daquela associação anticlerical; (4) Que os cardeais e a Cúria de Roma, com conhecimento de causa e de má fé, tinham patrocinado os escritos publicados sob o seu nome; (5) Que o Vaticano conhecia a natureza fraudulenta de suas pretensas revelações, mas estava satisfeitíssimo por poder utilizá-las para entreter entre os fiéis uma crença proveitosa para a Igreja; (6) Que o bispo de Charleston, cidade que dissera ser a sede do Papado Maçônico, tinha escrito ao papa que as histórias relativas àquela cidade eram falsas, mas que Leão XIII impusera silêncio àquele prelado; e (7) Que Leão XIII impusera igual silêncio ao vigário apostólico de Gibraltar, que tinha afirmado não existir lá os subterrâneos onde seriam celebrados os ritos infames que descrevera.

Desde então, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, passou-se a fazer com que os candidatos montassem em um bode, saindo em público pelas ruas da cidade, para escarnecer da Igreja – por ter participado da farsa – e de todos aqueles que nela acreditaram. Entretanto, as brincadeiras começaram a chocar os que as assistiam e passou-se então a realizá-las em ambientes fechados, longe das vistas do público, geralmente substituindo o animal por mecanismos especialmente montados sobre rodas de bicicletas. O guidom era substituído por cabeças de bode esculpidas ou empalhadas e o candidato segurava nos chifres para dirigir o estranho “veículo”, sob aplausos dos que a tudo assistiam. Nos Estados Unidos ainda se faz uso dessa prática, como verificamos em um site americano, em que um profano pergunta a respeito do bode na Maçonaria, recebendo três respostas, todas em conformidade com o que expusemos: 

P: Nos rituais maçônicos há um processo conhecido como montar o bode que ninguém conhece o que significa? 

R 1: Não sei o propósito do ritual, mas o "bode" não é um bode real. É um cruzamento entre uma bicicleta e um cavalo de brinquedo que tem uma cabeça de bode no guidão.

R 2: Uma série de mitos e mentiras bizarras têm sido divulgadas sobre a Maçonaria, e nós, por vezes, fazemos troça com essas coisas.

R 3: “Montar o bode" é a nossa própria visão humorada sobre um tal mito perpetuado por Taxil (envolvendo adoração ao bode ou sacrifício ou algo assim absurdo) e é um jargão tolo aplicado ao processo de passar por Graus. Um humor tipicamente masculino, em verdade um tanto bruto e inapropriado, mas nem por isso engraçado (e inofensivo).

Como se viu, ao contrário da esmagadora maioria dos Maçons brasileiros, os Maçons americanos conhecem, pelo menos superficialmente, que o bode na Maçonaria surgiu como consequência dos embustes de Leo Taxil, que foi tão prejudicial à Maçonaria a ponto dos Maçons brasileiros terem feito inúmeras interpretações mirabolantes sobre o bode, entre as quais a de que simbolizaria a discrição maçônica. E por que não a galinha ou o burro, que não podendo falar, são tão discretos quanto o bode? Esse falso simbolismo, disseminado por alguns autores nacionais, é provavelmente proveniente da antiga prática judaica em que, no Dia da Expiação dos Pecados, enxotava-se um bode para o deserto, levando consigo os pecados do povo. Na literatura Maçônica estrangeira não se encontra essa interpretação. E haja camiseta, boné, caneca, adesivo e chaveiro com a figura do bode, comercializados por Maçons para Maçons. O bode na Maçonaria nada representa, foi uma mera gozação que os Maçons no passado fizeram com a Igreja Católica por ter participado da farsa de Taxil e com todos aqueles que nela acreditaram. 

Definitivamente, não existe bode na Maçonaria! Todavia, se querem dar algum significado ao bode, que seja o seguinte: “escárnio a todos aqueles que acreditam que os Maçons praticam ritos satânicos e que existe bode na Maçonaria”.

*Excertos do livro (em elaboração) Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores.