domingo, 11 de outubro de 2015

'UM DE VÓS ME TRAIRÁ’


Da Vinci retratou ‘A ultima Ceia’ como nenhum outro pintor tinha feito, deixando de fora símbolos importantes da cristandade. Vamos conferir?

Nada, nem um único detalhe parece ser fortuito no afresco ‘A ultima Ceia’, uma das obras mais famosas do mestre renascentista. Os especialistas acreditam que tudo nele obedece a um propósito minuciosamente planejado pelo artista. Cada fisionomia carrega um significado diferente. Cada gesto, uma mensagem subliminar.
E nós fomos conferir de pertinho seus mistérios mais ocultos da obra A ultima Ceia.
Acompanhem-nos!
1. LINGUAGEM CORPORAL
As faces e os gestos dos personagens representam sentimentos humanos (desconfiança, apreensão, espanto, ira, medo, tristeza... e por aí vai). O único rosto verdadeiramente sereno, livre de qualquer pesar, é o de Jesus Cristo.
2. SANTO GRAAL
O cálice que, segundo o relato bíblico, teria sido usado por Cristo durante a Ceia simplesmente não aparece na pintura. Alguns teóricos defendem que, ao deixar o objeto sagrado de fora, Da Vinci estaria deliberadamente ignorando o símbolo da aliança entre Deus e os homens. Sua intenção seria agredir a Igreja, então comandada pelo papa Alexandre VI, seu desafeto.
3. SEM AURÉOLAS
Da Vinci não pintou auréolas em ninguém, algo inédito até então. É que o artista engrossava as fileiras do Catarismo, um movimento cristão que não venerava santos e enxergava a Jesus Cristo como um homem comum.
4. TRAIDOR DE CRISTO
A cena retratada é uma das mais famosas passagens do Novo Testamento: o momento em que Jesus Cristo revela que um dos apóstolos vai traí-lo. Segundo a Bíblia, o traidor é Judas Iscariotes – único da cena com o rosto parcialmente encoberto por uma sombra. Bem na frente dele, há um saleiro sobre a mesa. Pode se tratar de uma representação de mau agouro (uma pista deixada por Da Vinci, indicando qual dos 12 apóstolos era o traidor de Jesus).
5. SOMA DOS ÂNGULOS
A figura de Cristo com os braços estendidos forma um triângulo. Acredita-se que seja uma referência à perfeição matemática. (a soma dos ângulos de qualquer triângulo é sempre igual a 180º).
6. ADAGA DA DISCÓRDIA
A única arma que aparece na cena não está na mão de Judas Iscariotes, mas de Pedro. A interpretação de alguns teóricos: Pedro, “fundador” da Igreja Católica, simbolizaria o papa. Seria mais uma alfinetada em Alexandre VI – para Da Vinci, o verdadeiro traidor. Há quem defenda, porém, que a faca é uma menção ao fato de que o apóstolo cortará a orelha de um servo romano na noite da prisão de Cristo.
7. EU SOU VOCÊ
Pode ser que Da Vinci tenha pintado seu próprio rosto ao retratar Judas Tadeu. As feições do apóstolo são parecidas com um autoretrato feito por ele três anos depois.
8. AMIGO ÍNTIMO
À esquerda de Judas Tadeu, em vez do apóstolo Mateus, o artista teria pintado Marsílio Ficino, amigo íntimo e tradutor dos textos do filósofo grego Platão para o latim.
9 . HOMENAGEM PLATÔNICA
Judas Tadeu (Da Vinci) e Mateus (Marsílio Ficino) olham para o homem na ponta da mesa. Deveria ser o apóstolo Simão, mas talvez seja Platão. Seus traços na pintura lembram bastante os de um busto do filósofo grego exibido em Florença.
PS:
A composição é perfeita. O rosto de Cristo ocupa o centro da pintura, ponto par ao qual convergem todas as linhas de fuga. A distribuição dos 12 apóstolos é harmoniosa: seis de cada lado, subdivididos em quatro grupos de três. O equilíbrio da pintura é reforçado pela simetria do cenário de fundo. As portas e janelas em perspectiva garantem profundidade à obra. (Pesquisa: Ir.`. Rui Barbosa)

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