domingo, 11 de outubro de 2015

A ARCA DA ALIANÇA - ALÉM DA FICÇÃO

Por Ir.'. João Anatalino
Sinopse
No filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, o que sobressai é o movimento, a aventura. Indiana Jones (Harrison Ford), o arqueólogo cheio de truques,  mais que um professor de arqueologia, é um aventureiro que ganha a vida dando aulas para mocinhas românticas e caçando tesouros arqueológicos pelo mundo afora. Nesse filme, sua meta é encontrar a Arca da Aliança, artefato sagrado da religião hebraica, perdido há mais de dois mil e  quinhentos anos. Só que seus principais concorrentes são os nazistas, que também estão atrás desse fantástico tesouro arqueológico. Por que, só Deus imagina....
O que nem todo mundo sabe é que existem registros históricos que provam que os nazistas acreditavam realmente que a Arca da Aliança e o Santo Graal eram verdadeiras realidades históricas e não mitos. E andaram fazendo muitas expedições pelos países do Oriente Médio e África em busca desses artefatos. Eles achavam que essas relíquias históricas poderiam lhes conferir poderes extraordinários. Assim, o filme Indiana Jones é uma ficção, mas nem tanto....
A Arca da Aliança
Segundo se lê em Êxodo, 25:10:22, o Senhor instruiu os hebreus para construírem a Arca da Aliança do seguinte modo:
“Farão uma Arca de madeira de acácia; seu comprimento será de 2 côvados e meio (1,11 m) e um côvado e meio de largura (66,6 cm) e sua altura 1 côvado e meio (66,6 cm). Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e o farás por fora; em volta dela porás uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas do outro. Farás 2 varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der. Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e o outro de outro, fixado de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão estes querubins as asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa, sobre o qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo. E é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas."
Mistério
Porque tantas estranhas e esotéricas instruções para a construção de um recipiente que se destinava a guardar as instruções de Deus aos seus eleitos? Algum motivo haveria de ter.
Em primeiro lugar, é sabido que a Arca deveria servir para depósito de três objetos de suma importância religiosa para os israelitas, porque representavam manifestações divinas de primeiro grau junto aos seus eleitos. Esses objetos eram as tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos escritos diretamente pelas mãos de Deus; o outro era um pote contendo o Maná (alimento que Deus fez cair do céu para alimentar o faminto povo hebreu no deserto), e o terceiro objeto era o cajado de Arão, um pedaço de pau que floresceu milagrosamente, como prova de sua indicação para Sumo-Sacerdote da nascente religião hebraica. Esses três objetos eram símbolos da graça de Deus, manifestada para organização (a lei), o sustento (o maná) e o governo (o cajado) do povo de Israel.
Segredos Arcanos
Mas tanto a Arca da Aliança quanto o Tabernáculo construído para hospedá-la são claras alegorias que estão conectadas com ensinamentos iniciáticos do mais alto significado.
Em primeiro lugar os materiais de que ela era feita denotam um simbolismo estreitamente ligado ao ensinamento arcano: ouro e madeira de acácia. O ouro, desde as mais remotas eras é o metal sagrado por excelência. Considerado metal incorruptível, ele é o símbolo da perfeição entre os elementos da natureza e o corolário da mais fina obra universal. Dai a sua importância na arte da alquimia, por exemplo, onde a transformação do metal comum em ouro significa também o ideal do aperfeiçoamento espiritual no mais alto grau. Já a madeira de acácia era o símbolo da regeneração. Consta que os faraós, ao sentirem a aproximação da morte pediam para serem colocados aos pés de uma acácia para que ela os encontrasse embaixo dessa árvore sagrada. Essa providência ajudava o espírito a se libertar e encontrar o caminho da regeneração. Na Maçonaria a acácia também é cultuada como símbolo da regeneração espiritual.(1)
Quanto às características de tamanho da Arca, estas tinham a ver com a geometria sagrada. Dois côvados e meio de comprimento por um côvado e meio de largura, e a mesma medida da largura para a altura. Um côvado media aproximadamente 44,45 cm, o que perfaz cerca de 1,11cm para o comprimento e 66,6 cm para a largura e a altura da Arca. Esses números, na tradição cabalística, são representativos de verdades iniciáticas. Primeiro, os números ímpares são considerados divinos, enquanto os números pares são humanos. Na simbologia do oriente eles são positivos (Yin) e negativos (Yang). Na geometria sagrada o 1 é o número da divindade, enquanto o 6 é “número de homem”.(2)
Um gerador de energia?
Assim, as medidas pares e ímpares da Arca denotam a aliança entre o humano e o divino e condensam o segredo da manifestação da energia universal. Sua disposição geométrica, em termos arquitetônicos, foi especialmente planejada para servir como uma espécie de “pilha”, onde a energia universal seria acumulada. Segundo antigas tradições, esse era um artefato já conhecido pelos sacerdotes egípcios, que costumavam construir equipamentos semelhantes em seus templos.
Uma tradição egípcia muito antiga sustentava que esse tipo de artefato era proveniente da cultura Atlântida, que o usava como sendo um equipamento capaz de gerar a energia vital. Essa energia, chamada pelos Kahunas (indígenas da Polinésia) de Mana (Maná) é a mesma que os hindus denominam prana, os japoneses ki e os chineses chi. Ela é captada a partir das propriedades dos alimentos e do ar que respiramos. Dai o desenvolvimento de práticas iogues destinadas a captar essa energia através de exercícios apropriados. Dessa forma se entende a alimentação dos hebreus no deserto com o maná que caia do céu como um exercício por eles praticado para captar essa energia, capaz de mitigar inclusive a fome. Jesus também se referiu a essa energia em uma passagem do seu Evangelho quando ele diz aos seus discípulos: “eu para comer, tenho um manjar que vós não conheceis.”(3)
Tradições cabalistas também ensinam que as Tábuas da Lei, que Moisés guardou dentro da Arca, não continha somente os Dez Mandamentos. Estes eram, na verdade, apenas regras escritas acerca de comportamentos que Deus teria ditado aos hebreus. A energia que fluía da Arca Sagrada, entretanto, não provinha diretamente das pedras que continham a lei, mas sim do testemunho que Deus deu a Moisés, ou seja, o ensinamento secreto que Ele lhe comunicou. Esse ensinamento seria a correta interpretação e a utilização da Árvore da Vida, fórmulas sagradas que lhe permitia invocar o Nome Sagrado de Deus para ativar a energia que essa fórmula mágica encerrava. Daí a ênfase colocada nos comandos “porás na Arca o testemunho que eu te dei”, que aparecem duas vezes no texto que ensina como a Arca deve ser construída. (4)
Por isso somente os sacerdotes levitas (consagrados) poderiam transportá-la ou tocá-la. E apenas o Sumo-Sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação, quando a Luz da Shekinah se manifestava, entrava no Altar do Santo dos Santos, onde ela estava depositada, para invocar o Santo Nome.(4)
A história e o mito
O Mito da Arca da Aliança sempre excitou a imaginação dos povos. Não é toa que todos os inimigos de Israel, ao invadir Jerusalém, tinham em mente se apossar desse glorioso artefato. Segundo a narrativa bíblica, a Arca da Aliança desapareceu após a pilhagem do Templo de Jerusalém, feito pelos soldados de Nabucodonosor, em 587 a.C. Alguns historiadores acreditam que os próprios judeus a esconderam ou a destruíram para evitar que caísse em mãos inimigas. Outros acham que ela foi levada para a Babilônia onde desapareceu entre os tesouros capturados pelos caldeus .
Já o segundo livro dos Macabeus informa que o profeta Jeremias teria ordenado que a Arca fosse levada até o Monte Nebo, para ali ser escondida em uma caverna. Esse lugar, segundo o profeta, deveria ficar desconhecido até que Deus reunisse novamente seu povo e dele tivesse misericórdia. Mas segundo acredita a maioria dos historiadores, a Arca foi capturada pelos egípcios por ocasião da guerra travada entre o Egito do faraó Necao e o rei Josias, de Judá, no século VII a. C. Nesse caso, ela teria sido levada para o Egito e depositada no templo de Amon-Rá. Mais tarde, quando os persas conquistaram o Egito ela teria sido levada para a Etiópia, onde até hoje estaria depositada, numa capela da cidade de Aksum.(5)
O Arquétipo
Arca da Aliança não era, como se pensa, uma criação originariamente israelita. Ela era um artefato utilizado por muitas civilizações antigas como símbolo da Matriz Natural, onde se guardava o Segredo da Criação. Nesse sentido, a Arca da Aliança também é um símbolo compartilhado pelo inconsciente coletivo da humanidade. Na mitologia grega ela simboliza a Caixa de Pandora, onde todas as energias do Universo estavam encerradas na forma das virtudes e desejos humanos. Na mitologia japonesa ela aparece na lenda de Urashima Taro, como o invólucro que encerra o tempo. Em alquimia ela simboliza o athanor (recipiente hermético) onde o “ovo filosófico” é chocado. Simbolicamente ela é o inconsciente do homem, onde a sabedoria(a energia do universo) está depositada, mas só é revelada a quem dela se faz merecedor. Dessa forma, a Arca da Aliança é um dos mais fascinantes arquétipos que o inconsciente coletivo da humanidade já desenvolveu.
Notas
 1. Foi com um ramo de acácia que os mestres marcaram o local onde o Arquiteto Hiram Abiff foi enterrado.
2. Conforme se diz em Apocalipse, 13:18: Aqui há sabedoria: Quem tem inteligência calcule o número da Besta. Porquanto é número de Homem: e seu número é 666. É que o homem, na tradição cabalística, não foi feito por Deus à sua imagem, mas sim pelos Arcanjos chamados Elohins, entre os quais, no início, antes da Rebelião, se encontrava Lúcifer.
3. João, 4:32
4. Shekinah é a luz da manifestação divina na terra. Maria é Shekina cabalística que "canalizou" a luz de Deus e deu ao mundo o filho divino, Jesus Cristo.
5. No filme em questão a Arca da Aliança foi encontrada na escavação de Mênfis, antiga capital dpo Egito. A hipótese de a arca ter sido levada para a Etiópia tem origem numa lenda que consta dos textos apócrifos do Kebra Negast, o chamado Livro da Glória do Reis, crônicas que sustentam serem os antigos reis etíopes descendentes do rei Salomão, através do filho que ele teria tido com a Rainha de Sabá (chamada Makeda) . Esse filho, cujo nome era Menelik, se tornou o primeiro rei da Etiópia. Por isso é que os egípcios, na iminência da conquista persa, teriam confiado aos etíopes a guarda da Arca, que desde então estaria guardada a sete chaves na cidade de Aksum. Na época, essa hoje pequena vila era a capital da Etiópia.
ESTE RESUMO FOI EXTRAÍDO DO LIVRO "MESTRES DO UNIVERSO", PUBLICADO PELA ED. BIBLIOTECA 24X7, SÃO PAULO,  2010

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